Hoje vou falar sobre uma tema que passa pela cabeça de muitos leitores do Canal Piloto: o voo solo. Esse momento que mexe com as emoções de todos os pilotos de avião, e que é o primeiro objetivo de um piloto ao iniciar as horas práticas de voo. Vou explorar alguns tópicos como: com quantas horas um piloto faz o voo solo, a importância do solo, e a emoção de voar sozinho.
É esse sentimento que o voo solo traz aos pilotos que me trouxe a motivação para falar um pouco sobre esse tema.
Um piloto, quando inicia o curso prático, começa a planejar que seu voo solo acontecerá por volta da 15ª a 20ª hora de voo, imaginando que essa conta é uma ciência exata, o que não é verdade. Na posição de instrutor de voo, e também como alguém que já foi aluno e teve esse sentimento à flor da pele, posso dizer que o voo solo só vai acontecer quando o aluno estiver apto a decolar e pousar um avião sozinho, sem nenhum auxílio do INVA. Esse aprendizado vem em uma constante na evolução da pilotagem, voo após voo, aonde algumas pessoas têm mais facilidade no aprendizado do que outras.
Existem outros fatores que afetam diretamente a quantidade de horas em que um piloto faz o voo solo. São eles: a aeronave em que se decide fazer as primeiras horas, o aeródromo onde se voam as horas do PPA, e a frequência com que se faz as horas de voo. Todos esses são fatores determinantes que vão fazer diferença nessa equação do tão sonhado voo solo.
Para escrever este artigo sobre o voo solo, fiz uma pesquisa nas publicações antigas sobre esse tema, e na grande maioria dos artigos observei a descrição do piloto sobre como foi o seu voo solo. A emoção realmente é muito grande, principalmente pela exigência que é feita para que um instrutor autorize um aluno a fazer esse voo. Muitos dizem que é como dirigir a primeira vez, sem os pais ou algum responsável ao lado. Não concordo com essa afirmação, pois é muito mais que isso! Se houvesse uma pane no avião, não seria possível simplesmente “parar o avião no acostamento”. Sendo assim, é preciso estar pronto para lidar com qualquer problema ou pane, seja mecânica ou de comunicação. Além do mais, as intempéries para fazer um pouso podem ser das mais diversas, e o vento pode mudar a qualquer instante. Por esses motivos, a emoção do voo solo é única e indescritível.
Muitos pilotos têm medo de voar sozinho. Concordo que a primeira vez é cheia de emoção, mas voar solo faz parte da vida do piloto. O objetivo de estimular o piloto a voar solo durante o PPA e PCA visa unicamente gerar confiança. No PPA existe um número mínimo de horas solo, segundo o RBAC61. Já no PCA, em algumas escolas o aluno pode navegar solo. Nesses voos livres, recomendo que o voo solo não tenha mais do que 3.0 horas de duração, com pouso completo somente na base da escola.
Na empresa em que trabalho, para que o INVA possa ministrar instrução em um novo equipamento – como Sêneca, C172 ou Corisco – ele deve fazer um voo de liberação, e depois fazer um voo solo nesse equipamento. Atualmente, sou liberado em quase todos os o equipamentos, a não ser no Cirrus SR-20, e posso dizer que a emoção de fazer um voo solo em uma aeronave como o Sêneca, que é um bimotor, é uma alegria muito grande. Outra oportunidade é quando é necessário fazer um translado solo, sendo este um voo que gosto muito de fazer, com a responsabilidade de executar um excelente pouso. Afinal, tenho experiência no avião e estou sozinho, tendo a responsabilidade toda em minhas mãos.
Pelos motivos relatados acima, acredito que muitos pilotos que não gostem de voar sozinho devem lembrar que nem sempre terão alguém mais experiente no assento ao lado. Sendo assim, um piloto precisa voar solo, e voar mais do que um simples circuito de tráfego uma vez apenas, para que, pelo meu ponto de vista, possa se tornar um comandante de verdade.
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