Muitos querem se tornar pilotos, mas infelizmente nem todos ao redor costumam apoiar essa decisão, sejam eles a família ou amigos.
Vejamos a seguir alguns dos principais argumentos, e o mais importante, como desmistificá-los.
“Isso é perigoso, menino”
Não mãe, não é. Essa preocupação aparece quando a pessoa computa que um avião de instrução é um pedaço de metal de 700 kilos, com quase 100 litros de combustível nas asas, e com apenas um motor e hélice fazendo com que isso se mantenha no ar.
O que eles geralmente ignoram são todos os procedimentos de segurança envolvido na operação da aeronave, desde a manutenção, passando pelos checks pré-voo, e chegando aos checks de emergência, que serão feitos caso alguma falha ocorra em voo.
Estatisticamente falando, você corre mais perigo indo e voltando do aeroporto do que pilotando a aeronave.
“Cara, isso é muito difícil pra você”
“Né não véi”. Como um amigo meu bem disse, muitas pessoas veem a profissão de piloto como nós pilotos vemos a de astronauta. “É algo para poucos, que exige um treinamento intenso e longo, e que portanto está muito acima da capacidade de nós meros mortais.”
Se removermos o fator financeiro, um piloto pode se formar com sucesso em menos de um ano. É uma profissão como qualquer outra.
Exame médico, curso teórico, provas teóricas, curso prático, e check final para a habilitação. Nenhum desses passos possui testes, exames ou provas de outro mundo. Milhares de pilotos passam por eles anualmente, tal qual você também pode fazer.
Não se engane: não é fácil, mas também não é a tarefa impossível que muitos temem.
“Nós não temos dinheiro pra isso”
Calma pai, vamos fazer as contas.
Imaginemos que o filho da família vá para qualquer outra profissão que necessite de uma faculdade particular. Ao se juntar a mensalidade de todos os 3, 4, ou até 5 de faculdade, o valor final será tão volumoso quanto o da formação aeronáutica.
O que assusta inicialmente as famílias é que, na formação aeronáutica, este valor pode ser utilizando em curto espaço de tempo. Entretanto, ao mesmo tempo que isso é algo chochante, também é uma vantagem.
No caso da aviação, o piloto recém formado já poderá começar a procurar emprego após 1 ou 2 anos de formação, ao contrário de um médico, advogado ou engenheiro, que só poderiam começar a conseguir o retorno financeiro depois de todos os anos de faculdade e formação.
“A escola/aeroclube fica muita longe daqui”
Sim tia, mas o deslocamento é algo que também fará parte da rotina após a formação.
O deslocamento de horas, e até mesmo a hospedagem em outra cidade, podem ser esforços necessários para realizar sua formação teórica e prática, mas fazem parte.
Isso não será nada diferente da vida do tripulante, uma vez que comece a trabalhar em empresas aéreas. Escalas, bases, pernoites e escalas dirigidas são os termos que você poderá administrar para dormir em sua própria casa sempre que possível, mas menos do que você deseja.
Se o deslocamento lhe incomoda, talvez você deva repensar seus objetivos. Mas se isso incomoda apenas sua família, não dê tanta importância. Afinal, o piloto será você, e não eles.
“Você não quer ver seus filhos crescerem?”
Não é pra tanto, vó. Como citado acima, sempre há meios de estender sua frequência de visitas ao lar.
Além das folgas, que podem chegar até 9 mensais no caso da linha aérea, há sempre escalas e pernas de voos que permitem que o tripulante passe uma noite adicional em casa.
Não é raro você encontrar pilotos que paralelamente administram empresas, projetos ou participam de sociedades, provando como ao se administrar bem o tempo, é possível conciliar o que for necessário, como a vida pessoal neste caso.
É claro que a escala nem sempre permitirá a presença da pessoa em todas as datas importantes, mas está longe de ser o estereótipo do piloto que só vê a família uma vez no mês.
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