Guia Básico: PPA | Parte 1 – Estrutura da formação

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O Guia Básico: PPA é uma série de seis postagens que representam uma amostra gratuita de meu primeiro livro, Formação Aeronáutica – 50 Dicas de Aviação, e tem o objetivo de apresentar de modo rápido e direto a estrutura essencial do primeiro passo para se tornar Piloto de Avião.

Esse material já foi disponibilizado por nós inicialmente como uma grande postagem solo, depois sendo transformada em dois e-Books gratuítos, e agora retorna ao nosso site através de cinco postagens, o que irá facilitar a navegação, e desenvolvimento independente de cada tema ao passar de suas atualizações.

É importante ter em mente que como o próprio nome diz, este é um material básico, um resumo, e portanto deve ser apenas o início de sua pesquisa caso realmente deseje se tornar piloto. Por mais que você se sinta informado após a leitura, saiba que esse conteúdo é apenas uma introdução, havendo ainda muito a se ler, assistir e ouvir sobre os conteúdos abordados aqui.

Se este vem a ser o primeiro material do Canal Piloto que você conheça, saiba que existem diversos outros conteúdos que você pode e deve conhecer após a leitura deste material, como videos no Youtube, entrevistas em áudio, e diversos artigos em textos em nosso site, todos gratuitos. Se desejar investir nessa pesquisa, também disponibilizamos consultoria particular via Skype para responder duvidas que possam ter sobrado após todo esse processo.

Caso se informe com o conteúdo a seguir, sinta-se livre para expandir seus conhecimentos através do livro já citado, o Formação Aeronáutica, disponível em versão física na Bianch Pilot Shop, e em versão digital através da Amazon.

Essa série de postagens é disponibilizada gratuitamente e originalmente através do Canal Piloto, caso você tenha tido acesso a esse material através de e-mail ou sites de terceiros, é altamente recomendável que você acesse a versão original através de nossa fonte oficial, vendo que este material é atualizado sempre que alguma regulamentação importante é alterada.


Piloto Privado – O primeiro passo obrigatório

A formação de piloto de avião possui uma hierarquia de licenças de voo. Portanto, independente do seu objetivo final nessa profissão, você terá de começar pela primeira delas, a habilitação de PP – Piloto Privado, a qual tem como objetivo capacitar o candidato a operar uma aeronave da Classe MNTE (Monomotor Terrestre). Após formado, o piloto estará habilitado a operar qualquer aeronave dessa classe, podendo voar com sua família e amigos, mas jamais podendo trabalhar profissionalmente ou ter lucro financeiro com essa atividade, pois para isso é obrigatória a segunda habilitação da hierarquia, a de Piloto Comercial.

Há dois requerimentos para você iniciar este primeiro curso:

  • Ter 16 anos ou mais (sendo necessário completar 18 anos para voar solo e se formar)
  • Ter concluído ou estar cursando o Ensino Médio (sendo necessário completá-lo para se formar)

Tanto essa, quanto as futuras habilitações da ocupação de piloto, na maioria das vezes possuirão basicamente as seguintes etapas:

  • Curso teórico
  • Prova teórica da ANAC
  • Exame médico
  • Curso prático

Mas antes de começarmos a detalhar cada uma das etapas, temos de explicar algumas variantes que existem no regulamento e na formação, que poderão ser úteis no planejamento que você pense em montar.

O primeiro ponto é que o curso teórico e exame médico não estão interligados, ou seja, é de sua escolha optar qual fará primeiro. Se você estiver com dúvidas quanto a sua saúde, é recomendável priorizar o exame médico, pois se estiver inapto, não perderá tempo no curso teórico. Por outro lado, caso esteja em boa forma e saúde, recomenda-se fazer o exame médico perto do final do curso teórico. Desse modo, você aproveitará a validade do mesmo com uma maior folga. O exame médico será obrigatório apenas a partir do início do curso prático, as aulas de voo, vendo que sem ele você não poderá sair do chão.

Outro ponto relevante é a possibilidade de fazer até 50% do curso prático sem fazer – ou enquanto finaliza – o curso teórico, sendo portador apenas do exame médico nesse período. Apesar de mais dinâmica, essa decisão deve ser avaliada, pois seu rendimento como piloto-aluno poderá ser prejudicado devido a sua falta de conhecimento teórico, o que poderá causar reprovações em algumas aulas de voo e treinamentos de procedimentos práticos. Devido a isso, boa parte dos alunos seguem o conceito de “não dar um passo maior que a perna”, e começam a pensar no curso prático apenas quando já estão aprovados no exame médico, no curso teórico e na Prova da ANAC.

Uma característica relevante ainda neste campo, é o fato de que o curso teórico de Piloto Privado não é obrigatório, e assim sendo, é possível você comprar os livros do curso e estudar sozinho em casa. Por um lado você economizará o valor do curso teórico, mas por outro lado há o risco do seu estudo auto-didata não ser eficiente o bastante. Muitas pessoas já conseguiram ser aprovadas assim, mas depende da força de vontade e dedicação de cada um, portanto pense bem antes de tomar a decisão. Adicionalmente, nada lhe impede de juntar as duas modalidades, e comprar os livros meses antes de iniciar o curso teórico, para ir se ambientando com a matéria.

A idade de 16 anos completos é atualmente a mínima para se iniciar a formação. A maioridade de 18 anos será necessária apenas para “voar solo” (voar sozinho, sem o Instrutor de Voo) e para fazer o voo de check, para se obter a habilitação. Porém, algumas clínicas, hospitais e escolas de curso teórico podem afirmar que a idade mínima na verdade é 17, ou até 18 anos. A grande maioria diz isso por simplesmente não saber interpretar a particularidade citada no início deste parágrafo, ou por não saber que desde 2012 esse piso de idade baixou de 17 para 16 anos. Nesses casos, cabe a você insistir dizendo que, segundo o RBAC 61 publicado em 2012, o mínimo é sim de 16 anos.

Para realizar a matrícula do curso teórico e o exame médico com essa idade, a autorização ou até a presença do responsável poderá ser solicitada, e para dar início ao treinamento prático nessa faixa etária, o aluno poderá/terá de apresentar ao aeroclube ou escola de aviação uma autorização do responsável legal, assinada e reconhecida em cartório.

Dentre os documentos para matrícula no aeroclube/escola de aviação, poderão requerer seu Certificado de Reservista, mas obviamente com 16 anos ninguém o possui. Portanto, cabe mais uma vez você insistir, afirmando que em nenhum RBAC isso é exigido. Esse requerimento é mero costume dos aeroclubes/escolas desde os primórdios da aviação. Caso insistam, o argumento imutável é que as mulheres por exemplo, não possuem tal documento, vendo que não realizam o alistamento obrigatório, e mesmo assim podem se formar normalmente.

Juntando tudo o que vimos até o momento, haverá um ponto chave ao se iniciar o treinamento com essa idade. Caso o aluno que tenha iniciado o curso com 16 anos atinja 50% do curso prático, que é o momento do primeiro voo solo, e ainda não tenha 18 anos completos, o mesmo terá de pausar seu treinamento e aguardar até completar a idade mínima. Devido a isso, é importante analisar o correto momento para o início da sua formação, pois se essa pausa se mostrar necessária, você poderá ficar quase 2 anos sem voar, o que irá inevitavelmente prejudicar seu aproveitamento.


Aeroclube x Escola de Aviação

Com o mesmo objetivo mas estruturas diferentes, os aeroclubes e escolas de aviação são os modelos de instituições de formação aeronáutica que predominam no país. O Aeroclube é um modelo existente desde a época pré-Segunda Guerra, e inicialmente surgiu como uma instituição sem fins lucrativos com o objetivo de formar aviadores com o auxílio do governo, sendo assim quase uma ONG da aviação.

Muitos dos aeroclubes atuais se modernizaram para não depender unicamente do apoio do governo, seja criando um projeto de sociedade paga, ou conseguindo parcerias com empresários que arrendam aeronaves, além de empresas privadas que utilizam seu espaço de modo conjunto. Muitos aeroclubes não são mais “aeroclubes” no sentido da palavra, mas também não são Escolas de Aviação de acordo com a definição. São “Aeroclubes 2.0″, por assim dizer, uma nova modalidade que os administradores aplicaram para manterem vivas as instituições que formam aviadores há quase um século.

As Escolas de Aviação chegaram ao Brasil mais recentemente e são empresas propriamente ditas, com cadastro e todas as taxas que o governo impõe. Devido a esse motivo, os preços das escolas são por vezes maiores do que os dos Aeroclubes, mas por outro lado, esse capital é muito melhor administrado e bem investido, no seu padrão e evolução.

Como são empresas, as Escolas de Aviação possuem estrutura, organização e atendimento mais eficientes do que os Aeroclubes, basicamente pelo fato de em um local você ser um aluno, e no outro você ser um cliente. Assim como acontece em outros países, a tendência é de que, com o tempo, as escolas dominem o mercado, pelo modo de administração mais eficiente para ambos os lados.
Apesar da aparente vantagem, não é por isso que os aeroclubes devem ser ignorados na sua pesquisa, até porque eles são centenas, e possuímos poucas escolas por estado. Apenas citamos a diferença para você ingressar nesse universo da formação sabendo que, nos aeroclubes, você encontrará algo mais tradicional, e nas escolas, uma padronização mais empresarial.


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Alexandre Sales
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