Já diria uma canção popular que nós, brasileiros, moramos “num país tropical, abençoado por Deus e bonito por natureza”. Apesar das maravilhas que isso nos proporciona, essa realidade vai na contramão do fato de que mares calmos não fazem bons marinheiros – ou se preferir, de que céus CAVOK não fazem bons aviadores.
Apesar das adversidades, pilotos que voam em outros países encontram desafios que lhes proporcionam uma formação mais completa. Se o seu objetivo é voar no exterior, confira 5 desses desafios que os pilotos enfrentam lá fora, sendo brasileiros ou não:
Formação de Gelo
A operação em aeródromos com formação de neve e gelo requer cuidados especiais por parte dos pilotos. Remover neve e gelo acumulados sobre as asas, utilizar sistemas de degelo para bordos de ataque, estar atento a pistas e taxiways escorregadias, tudo contribui para que a operação seja particularmente desafiadora. Exemplos de METAR indicando essas condições incluem:
METAR KORD 041656Z 19020G26KT 6SM FZ BKN070 12/08 A3016 (“Freezing”, ou congelamentos)
METAR KORD 041656Z 19020G26KT 6SM SN BKN070 12/08 A3016 (“Snow”, ou neve)
METAR KORD 041656Z 19020G26KT 6SM SG BKN070 12/08 A3016 (“Snow grains”, ou grãos de neve)
METAR KORD 041656Z 19020G26KT 6SM IC BKN070 12/08 A3016 (“Ice Cristals”, ou cristais de gelo)
METAR KORD 041656Z 19020G26KT 6SM PL BKN070 12/08 A3016 (“Ice Pellets”, ou pelotas de gelo)
Tornados e Ciclones
Tornados e Ciclones, conforme explicado nas aulas de meteorologia, formam-se em sistemas de pressão fechados, onde as linhas isobáricas externas apresentam maior pressão do que as internas. O efeito gera uma coluna de ar em movimento espiral, conectando o solo a nuvens cumulunimbus. Ocorrem com maior frequência numa região dos Estados Unidos conhecida como “Tornado Alley”, mas já foram vistos em todos os continentes, com exceção da Antártida. A menos que você voe por lá, portanto, é importante estar atento ao aparecimento de um FC em seu METAR, indicando “Funnel Clouds” ou tornados:
METAR KORD 041656Z 19020G26KT 6SM FC BKN070 12/08 A3016
Cinzas Vulcânicas
Erupções vulcânicas lançam no ar fragmentos de rocha pulverizada, em nuvens que custam a se dissipar. Além dos impactos ambientais e sociais, as cinzas vulcânicas causam entupimento de tubos de pitot e tomadas de ar, desgastam superfícies aerodinâmicas por atrito e calor, além de danificar até mesmo os sistemas de um aeroporto. A maior ocorrência de impacto das cinzas vulcânicas na aviação ocorreu em 2010, quando a erupção do vulcão islandês Eyjafjallajökull fechou todo o espaço aéreo europeu. Se em seu METAR aparecer a sigla VA – de “Volcanic Ash”, ou Cinza Vulcânica – é melhor iniciar os checklists de abandono de sua aeronave:
METAR KORD 041656Z 19020G26KT 6SM VA BKN070 12/08 A3016
Microbursts
Tão imprevisíveis quanto os windshears, os microbursts representam uma séria ameaça aos pilotos. Consistem de fortes rajadas descendentes de vento, que espalham-se para todos os lados quando atingem o solo. Vistos com maior frequência nas regiões dos tornados, podem ocorrer junto a fortes tempestades (+TS no seu METAR), e são particularmente perigosos para aeronaves em procedimento de pouso, que podem ser facilmente jogadas contra o solo devido à velocidade reduzida dessa etapa do voo. Ao atingir um aeródromo, os microbursts podem, inclusive, lançar pequenas aeronaves no ar.
Operações em Altitude Elevada
Dos 15 aeroportos de maior elevação em todo o mundo, 9 encontram-se na China, 4 na Bolívia e 2 no Peru. Nessas regiões, o ar menos denso dificulta a sustentação das aeronaves. Para que a velocidade indicada mantenha-se acima da VMC (Velocidade Mínima de Controle), a velocidade com relação ao solo (Ground Speed) precisa ser maior do que o usual, tornando os pousos e decolagens em desafios potencialmente mortais.
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