5 dicas para o voo a aeroportos controlados

Apesar das maiores escolas de aviação do país estarem em polos aeronáuticos, devemos sempre nos lembrar daqueles aviadores que se formam no interior, e que só terão o primeiro contato com espaços aéreos controlados durante as navegações do PP ou PC.

Para guiar os principiantes e aperfeiçoar os demais, vejamos algumas dicas:


Faça o planejamento básico

Apesar de ser um conselho tão clichê quanto “Olhe para os dois lados antes de atravessar a rua”, esse ponto ainda possui um papel elementar.

A função do planejamento é fazer com que o piloto esteja previamente ciente do que ele irá encontrar em seu voo – seja relativo à rota, frequência, corredores, referências visuais ou simplesmente tempo de voo em determinada perna.

Sabendo quais frequências irá encontrar pela frente, por exemplo, o piloto irá apenas conferir os dados conforme recebe as instruções, ao invés de precisar sempre anotar todos os dados de cada nova fase. Em um voo VFR de apenas 1h na Terminal São Paulo, por exemplo, um piloto pode passar por até oito frequências diferentes.


Esteja sempre à frente da aeronave

Essa é outra frase que vemos em diversos conteúdos de segurança de voo, e com razão, pois parte do princípio do piloto sempre antever as fases seguintes do voo.

Em que proa você deve voar em cada perna? Como retornar para a rota original se o Controle lhe desviar? Quando você deve começar a descida ao circuito de tráfego? Qual sua autonomia de reserva no caso de precisar alternar?

Durante o voo essas perguntas podem partir apenas do controlador. Seu papel como piloto é já estar ciente das respostas, adquiridas através de seu planejamento, horas atrás.


Deixe o orgulho em solo

Volta e meia ficamos sabendo de casos de pilotos e controladores que discutiram em plena fonia, e outros casos em que a falta de comunicação foi um dos motivos para um acidente.

Em ambos os casos, abrir mão do orgulho e ego poderiam ter remediado algumas situações. Para exemplificar, contarei um caso próprio.

Durante uma navegação solo, estava em rota voltando ao meu aeroporto base. Levando em conta o relato de aeronaves adiante, o Controle perguntou se eu não gostaria de voar em uma rota mais baixa, a fim de evitar possíveis formações à frente. Neguei a opção, pois no momento tudo parecia favorável.

Cerca de 15 min depois, me pego me dirigindo para a base de uma formação, a qual não era nenhuma CB escura, mas que poderia me fazer voar dentro da nuvem por alguns instantes.

Colocando o orgulho de lado, solicitei ao Controle um nível mais baixo, mostrando que sim, ele estava correto em sua mensagem anterior.

“Autorizado” – E tudo acabou bem.


O voo não acaba no pouso

Alguns aeroportos controlados estão longe de possuírem apenas uma pista com algumas taxiways. Para se guiar dentre esse emaranhado durante o táxi, existe a Carta ADC. O problema é que nem todos se preocupam em levá-la durante o voo.

Creio que alguns acreditam que a sinalização em solo será o bastante para se guiar pelas taxiways após as instruções do Solo. Infelizmente, os aeroportos brasileiros estão longe de serem tão bem sinalizados quanto os de primeiro mundo, e por vezes não possuem nenhuma placa ou sinalização.

Em outras vezes, a ausência de uma carta tão elementar é motivada pelo tópico seguinte.


Não apoie-se no controlador

O “jeitinho brasileiro” também é presente na aviação. No caso do tema de hoje, pode ser traduzido pela frase “Pra quê eu vou planejar cada detalhe do meu voo, se há o controlador ali para me ajudar?”.

Não sabe como chegar ao destino? Peça a proa ideal ao controlador. Não sabe como chegar ao seu pátio após o pouso? Solicite táxi progressivo. Será que podemos voar nessa rota? Chegando lá a gente conversa com o Controle.

Tais comportamentos não são ilegais, passíveis de multa, ou totalmente impraticáveis. Eu mesmo já precisei solicitar auxílio do controlador. Porém, essa não deve ser uma alternativa primária.

Todos os detalhes pertinentes ao voo devem ser coletados através do planejamento, deixando o auxílio do controle apenas para confirmações ou informações complementares.

Lembre-se que eles são Controladores de Tráfego Aéreo, e não Controladores de Voo.

Procure evitar sobrecarregar os controladores com funções que tecnicamente são dos pilotos.

Alexandre Sales
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