5 falácias da formação aeronáutica

Na trajetória para se tornar piloto existem vários mal-entendidos, criados por má interpretação, subestimação, ou simples desconhecimento sobre o assunto.

Para trazer uma luz ao tema, vejamos cinco pontos desse grupo.


“Depois do teórico, acabam os estudos”

Diferente dos EUA, por exemplo, a formação brasileira é, em sua maioria, separada completamente entre curso teórico e curso prático – o que, dentre outras desvantagens, faz com que muitos alunos as vejam como duas fases separadas, ao invés de complementares entre si.

Ao começar o curso prático, o aluno se depara com o manual da aeronave, manual de operações do aeroclube/escola, e manual de procedimentos e manobras. Só então ele percebe que sua pilha de publicações para estudo não se extinguiu, apenas ganhou novos volumes… E ainda aumentará.

Um piloto nunca irá parar de estudar, aceite isso como fato.


“Só precisarei do inglês depois”

Livros do curso teórico, manuais das aeronaves de instrução e boa parte dos checklists de PP e PC são em português. Então, por que a pressa em estudar inglês?

Grande parte das siglas, termos e padronizações da aviação são em inglês. Tendo conhecimento do idioma, seu aprendizado terá mais fluidez, tanto na compreensão quanto na memorização de termos como EOBT, ETA, BCMG, SSR, ATZ e etc.

Complementar a isso, por mais que existam cursos intensivos, aprender inglês não é algo que se faz do dia para a noite. Apesar de ser possível se concentrar em aprender apenas o inglês técnico, focando unicamente no seu futuro ICAO, isso acabará lhe prejudicando se um dia você precisar responder a alguma pergunta mais elaborada na fonia.

Quanto antes você começar, mais fluidez, maior vocabulário e melhor pronúncia terá.


“Checarei o PP com 35h, e o PC com 150h”

É possível, mas nem sempre provável. Reprovações após uma aula não-satisfatória, voos de repasse após tempos sem voar, voos mais longos devido a desvios, voos de lazer e outras situações similares podem fazer com que você acumule mais horas de voo antes do seu voo de cheque.

Cada cenário irá somar mais horas em sua CIV, fazendo com que você extrapole os mínimos requeridos – o que é comum, e não é nada de mal.


“Após checar o PC-MNTE-IFR, conseguirei meu primeiro emprego”

Novamente: É possível, mas nem sempre provável.

MLTE, PLA teórico, ICAO, Jet Training, INVA, ACRO, TIPO. Quanto mais cursos adicionais você tiver, maiores serão suas chances, principalmente em tempos de crise.

Quando se trata de planejamento, exclua a certeza de sair empregado logo após checar nos mínimos. É apenas uma possibilidade.

Por outro lado, nada lhe impede de continuar se candidatando conforme se especializa.


“Quando você checar, te arranjo um esquema”

Durante sua formação você fará amigos, que poderão lhe prometer indicações no futuro. Mas a luz no fim do túnel pode ser apenas um balizador.

As intenções de seus amigos não são falsas. O ponto é o “real peso” de uma indicação.

Você será comparado com outros indicados, e mesmo com o aval de seu contato, outra pessoa mais experiente ou melhor formada ainda pode ter a preferência.

Uma indicação não é um milagre.

Alexandre Sales
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