5 medos do piloto em formação

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Pilotar aeronaves é o sonho de muitos, mas ingressar nesse meio possui seus desafios e barreiras. Naturalmente, esse contraste entre alegria e preocupação gera alguns receios comuns dessa fase de aprendizado da aviação.

Vejamos a análise de alguns deles.


Medo de não ter apoio

Querer tornar-se piloto é uma coisa, mas ter apoio de sua família, cônjuge ou amigos, é outra totalmente independente.

Ironicamente, esse medo inicial surge a partir do momento que o futuro piloto fica ciente dos demais medos que citaremos a seguir, informação essa que ele consegue através das pesquisas sobre a formação.

Portanto, uma vez que ele fique ciente de barreiras como o capital, taxa de desistência, pressão das aulas e mercado de trabalho incerto, seu ânimo começa a se abalar.

Nesses momentos, o apoio daqueles ao seu redor é fundamental, para que o candidato continue seguro em sua trajetória.

Boa parte do pessimismo daqueles ao se redor é originário da desinformação sobre a formação aeronáutica. Procure explicar detalhadamente os motivos de você achar viável e possível se tornar piloto, e assim, aqueles que realmente se preocupam com você terão tudo para mudar de lado.


Medo de não conseguir pagar a formação

É sensato dizer que não é todo mundo que possui milhares de reais “sobrando” em sua conta bancária, e devido a isso esse medo surge. Entretanto, podemos analisar algumas raízes desse medo para mostrar como ele é supervalorizado na maioria das vezes.

Tudo começa quando se fica ciente do valor total da formação, em torno de R$ 70 mil (2016). “De onde vou tirar tudo isso!?” – Todos pensam.

Porém, assim como qualquer financiamento de carro ou pagamento de faculdade, tal valor é pago aos poucos. Inclusive, isso é mais barato do que muita faculdade particular por aí. Há ainda a vantagem de ser você quem controla totalmente o gasto, vendo que você só paga quando voa, e sendo assim, pode voar mais ou menos de acordo com suas finanças de cada mês.

Outro fator que preocupa é o ato de observar o gramado do vizinho. Você conhecerá amigos que voarão o PP e PC em apenas 1 ano, e outros prodígios que pagaram tudo à vista e voaram o PP inteiro em apenas 12 dias. Enquanto isso, você calcula que apenas para voar o PP levará um ano. Nesse hora o desespero começa a bater.

Cada um tem suas particularidades, e nada lhe obriga a se formar tão rápido quanto seus amigos. Siga seu ritmo apenas se preocupando em não ficar muito tempo, como mais de duas semanas, sem voar. A partir daí, você poderá começar a ter dificuldades em manter o aprendizado das aulas passadas.

Em suma, o valor pode assustar, mas se planejando é possível.


Medo de não ser capaz

Tendo começado a formação teórica e prática, um detalhe começa a lhe chamar a atenção. Com cada vez mais frequência você sente falta dos amigos que fez nos primeiros dias de aula, pois aos poucos eles param de comparecer, vão sumindo, e você perde contato ao longo do tempo.

A taxa de desistência da formação aeronáutica é imensa, ultrapassando os 90% ao longo da formação primária.

Se você está lendo esse artigo, saiba que apenas por isso você já tem mais chances de continuar firme, vendo que o motivo da maioria dos que desistem é justamente a falta de informação.

Seguindo o sonho por impulso, muitos começam a formação sem saber os passos seguintes, quanto tudo isso vai custar, e o quão difícil é o curso. Quando estes recebem o primeiro choque de realidade, a maioria desiste aos poucos, enquanto ainda não gastaram muito tempo e dinheiro nessa empreitada.

Planeje-se, e não sofrerá o mesmo destino.


Medo de voar solo

Voar sem o instrutor de voo ao lado é algo que inevitavelmente será necessário, seja no meio do PP, na fase de navegação do mesmo curso, ou durante o prático de PC.

Os principais receios são os de encontrar algo atípico em voo, de se perder, de não conseguir pousar, ou de simplesmente “errar” de algum modo.

Se o aluno foi liberado para o voo solo pelo instrutor, podemos partir do princípio que, tecnicamente, ele é capaz de o realizar. Estando excluso isso, vemos que boa parte desse medo é provavelmente alimentado pela ansiedade do momento.

O aluno fará exatamente o que fez nas últimas dezenas de voo, com o detalhe de que, dessa vez, não haverá ninguém ao seu lado.

Mas ao invés de aconselharmos algo como “Está só na sua cabeça, vai que dá!”, temos de fazer justamente o contrário. Independente do motivo, um piloto só pode realizar um voo (solo ou não), apenas se estiver seguro o bastante para tal.

Na dúvida, postergue seu voo solo para a próxima oportunidade, e fale com seu instrutor sobre isso. Juntos vocês conseguirão superar a barreira da falta de auto-confiança.


Medo do desemprego

Ao final da formação, está o medo que segue o piloto desde o início: não conseguir viver desse emprego, após tanto investimento de tempo e capital.

Como diz a frase que sempre é usada, mas nunca está errada: O mercado da aviação é cíclico. Bons e maus momentos existem, são imprevisíveis, e sempre têm um fim.

O grande problema é justamente a imprevisibilidade, o que impossibilita se planejar para se formar durante um bom momento do mercado.

Supomos que um piloto bem planejado leve dois anos para se formar. Nesse tempo uma empresa aérea pode falir, outra pode expandir, a saúde financeira do país pode mudar, e o mercado pode ficar saturado, ou não, com novos pilotos.

Sabendo dessas ondas, a dica de ouro é se planejar independente do mercado, pois quem espera demais nunca começa. Apenas foque-se em estar com todas as suas carteiras e certificados em dia, para quando o bom momento chegar (e ele irá), você já estar pronto para as oportunidades que virão.

Alexandre Sales
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