Pilotar uma aeronave requerer preparo teórico e técnico, para os quais todos os pilotos conseguem se preparar sem grandes imprevistos. Entretanto, quando se trata do fator físico, nem sempre conseguimos evitar alguns episódios nada agradáveis.
Vejamos cinco deles que podem ocorrer nos primeiros voos.
“Onde tem um banheiro aqui?”
Um dos primeiros efeitos colaterais perceptíveis nas primeiras aulas, é que a boca fica seca após certo tempo de voo, devido a todo o stress que a atividade requer.
Naturalmente a solução mais óbvia é beber água, mas nesse momento muitos se esquecem que não é possível pousar em uma nuvem para ir ao banheiro.
A diferença de pressão que ocorre durante o voo pode afetar a capacidade de sua bexiga, o que só é agravado pela duração da aula em questão. Há voos de navegação que podem durar até 7h, com cada perna tendo até 3h dependendo da autonomia da aeronave.
Não importa se você acha necessário ou não, vá ao banheiro antes de cada voo. Teme ficar com sede? Leve um garrafa d’água para tomar pequenos goles.
No caso do pior acontecer, é sempre bom levar um urinol na mochila. É o tipo de equipamento que você torce para nunca precisar, mas quando precisar, é melhor ter.
Enjoo
A aeronave de instrução é leve, e por isso acaba balançando bem mais que uma grande aeronave comercial. O cheiro de óleo e gasolina de aviação por vezes são presentes. O calor e o cockpit apertado também podem afetar o cenário. Com todos esses fatores, o enjoo pode acontecer, mas também pode ser evitado.
O enjoo e a consequente ânsia de vômito só possuem um resultado: colocar tudo pra fora. Mas você só passará por essa desagradável experiência se realmente estiver com o estômago cheio, e essa é a solução.
Não coma uma feijoada antes de voar. Procure ingerir apenas alimentos leves, de fácil digestão, e em pequenas quantidades.
Um dos motivos para eu nunca ter passado por esse problema, é que moro tão longe do aeroporto, que quando chegava lá eu já estava com o estomago vazio novamente.
Mas se o resultado ocorrer, você pode sempre utilizar o saquinho de enjoo (que poucas aeronaves possuem), ou pedir para retornar ao aeroporto quando os sintomas começarem a aparecer.
Ansiedade
Você está pilotando uma aeronave, está sob avaliação de um piloto mais experiente, e está prestes a aprender novos procedimentos. A pressão em ser aprovado é real.
Suar frio, gaguejar, tremer, e se sentir incapaz, são alguns dos sintomas da ansiedade já começando a crescer.
A palavra chave para solucionar tudo isso é a “informação”. A ansiedade, em parte, existe devido a incerteza, o ato de não saber o que ocorrerá a seguir.
Sabendo como funciona a aeronave, seus instrumentos, e como tudo isso deve ser controlado para o procedimento ser realizado como esperado, não há porque a ansiedade se elevar a níveis alarmantes.
O mesmo raciocínio se aplicar para aqueles que tem medo de voar. Sabendo como tudo funciona, não sobra lugar para as incertezas.
Se informar é como ler o roteiro de um filme antes de assisti-lo. Você já sabe tudo o que vai ocorrer, portanto a ansiedade se resumirá em ver como o diretor montou tudo aquilo na tela.
Desatenção
Voar muito nem sempre significa aprender na mesma quantidade.
Como citado anteriormente, voar causa stress, o que a longo prazo pode gerar desatenção. O barulhento, quente e apertado ambiente do cockpit é algo que requer tempo a se acostumar, e ficar várias horas seguidas nesse ambiente ainda novo a você, não irá ajudar.
É por isso que mesmo quando o aluno paga seu curso interior e quer voar o mais rápido possível, os instrutores não recomendam ele começar voando 2h de aulas de voo por exemplo, e sim duas aulas com 1h cada, uma no início da manhã, e outra no fim da tarde por exemplo.
Mesmo já acostumado com o ambiente, a atenção ainda precisa se manter nos voos mais longos, vendo que agora a fadiga é o fator mais preocupante. O ambiente do voo requer tanta atenção, que a pessoa acaba ficando cansada e com reflexos afetados mesmo sem perceber.
Durma bem na noite anterior, e tente não ultrapassar seus limites.
Pânico
Esse é o cenário mais extremo, e felizmente o mais raro.
Por vezes estando mais ligado ao psicológico do que ao fisiológico, o pânico nesse caso é o medo irracional diante situações rotineiras ao voo, mas que podem ser consideradas como perigo real na visão de leigos ou inexperientes.
Há clássicos casos, como alunos que gritam de terror durante o treinamento de stall, outros que desmaiam de emoção durante curvas de grande inclinação, e outros que literalmente choram diante da pressão imposta durante as aulas.
Casos como esses não necessariamente significam o fim da linha na aviação, mas requerem ao menos uma pausa para consultas com um especialista.
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