Aeroclube x Escola de Aviação: Onde Voar?

posted in: Artigos | 5

Aero_ou_EAC.jpg

Hoje vou escrever a respeito de um tema sobre o qual recebo muitas perguntas dos internautas que estão começando o PP. Falarei sobre quais os pontos que devem ser observados na escolha do aeroclube/escola de aviação em que se vai voar, como escalas de voos, condições das aeronaves e padronização da instrução.

Dei uma lida em alguns artigos já escritos sobre esse assunto. Inclusive o próprio Sales já escreveu artigos em que apresenta um comparativo entre algumas instituições.

Minha intenção não é apontar a melhor escola, mais sim, quais os pontos que devem ser analisados no momento de decidir em qual escola irá voar. É importante lembrar que o custo da hora de voo está, atualmente, na faixa dos R$ 350,00 para o C152 – um valor que não é baixo, e por esse motivo, acredito que devem ser colocados alguns pontos importantes antes de se comprar todas as horas do PPA ou PCA.

Um dos principais pontos para uma instrução ser bem sucedida é a frequência de voos, fazendo-se no máximo dois voos por dia, voando quadro ou cinco dias por semana. Sem essa frequência, um aluno de PPA vai, com certeza, voar mais do que as 40 horas, que são os mínimos para checar o PPA. Por isso, é importante escolher uma localidade onde o agendamento de horário seja feito de forma transparente, sem favorecimento para “A” ou “B”, atentando sempre para conseguir essa frequência mínima de voos. Na minha opinião, não é vantajoso optar por economizar no valor da hora de voo, ou dispor somente de duas ou três horas por semana e uma hora por dia, pois nesse caso, o curso para ser concluído com qualidade e proficiência deverá passar das 40 horas.

Outro ponto importante é a segurança de voo, já que uma aeronave de instrução deve estar em perfeito estado com relação à manutenção, e não deve haver restrição na quantidade de combustível a ser disponibilizada. Afinal, o INVA e o aluno devem ter total autonomia para decidir a quantidade de combustível a bordo da aeronave. Voar com o mínimo de combustível não é uma situação agradável, além de preocupante quando esta ordem parte da direção da escola/aeroclube.

A aeronave deve estar sempre em um estado impecável, e caso apresente qualquer pane (magneto, alternador, freio ou vibração anormal), deve ser levada para a manutenção e ter o defeito sanado. Por isso, antes do primeiro voo, o aluno deve receber uma aula sobre o funcionamento da aeronave, parâmetros do motor e outras informações relativas ao curso. Indico sempre ao aluno que nessa aula, conhecida como “ground”, faça o maior número de perguntas possíveis e esclareça todas as suas dúvidas.

Em todos os aeroclubes existe um manual de manobras, com a descrição de todas as que serão realizadas em cada lição do curso de PPA. Para uma instrução ser bem sucedida, deve haver o briefing e o debriefing. O briefing é uma conversa antes do voo sobre quais manobras serão feitas, e visa sanar as dúvidas do aluno. Já o debriefing é uma conversa depois do voo sobre como foi a lição, e quais foram os erros e acertos. No meu ponto de vista, o briefing e o debrifeing são pontos essenciais para uma boa instrução, no entanto, também é importante que o aluno estude as manobras antes de ir para o voo, a fim de chegar ao briefing pronto e esclarecer somente pequenas dúvidas.

Sendo assim, sugiro que antes de começar a voar, você faça uma visita na escola, busque recomendações e, acima de tudo, lembre-se de que só na Grande São Paulo temos mais de 15 escolas/aeroclubes. Portanto, se você começou a voar o PPA ou vai fazer o PCA e não está feliz na escola onde você está, mude. Procure um local onde você se sinta bem tratado, e os tópicos mencionados acima sejam cumpridos. Não se esqueça de que, para os que querem seguir carreira de piloto comercial, a porta para o primeiro emprego costuma ser o trabalho como INVA, e essa porta geralmente só é aberta para o aluno que voou pelo menos todo o PCA e o INVA na mesma escola. Não vale a pena, na minha visão, fazer o PPA em um escola, PCA em um aeroclube e o INVA em uma outra escola totalmente diferente.

Caso você decida ir para o EUA, a possibilidade de trabalhar no Brasil como INVA será mais difícil, pois sua história foi construída toda lá. Pense nisso tudo e avalie bem as opções, os prós e contras de cada decisão, e faça uma escolha não só pelo valor da hora de voo, ou pelo tamanho da estrutura da escola, mas sim por um todo, desde a qualidade da instrução até o relacionamento com os instrutores e possibilidade de trabalho futuro na escola/aeroclube. Atente-se sempre para o local onde escolher voar. Trabalhe com seriedade e veracidade nas horas de voo, pois isso sim fará a diferença em sua experiência e em uma contratação.

Rodrigo Satoshi
Redes