Em nosso novo episódio dessa série sobre os mistérios que rondam a formação de piloto nos EUA através da FAA, vamos desmistificar mais uma teoria:
Lenda: Com carteira FAA eu posso trabalhar nos EUA.
Fato: Primeiro é preciso que se esclareça: a nacionalidade de uma licença está ligada à nacionalidade da matrícula da aeronave a ser voada, e não ao país onde ela está voando. Ou seja, da mesma forma que um piloto brasileiro pode voar uma aeronave PP, PT ou PR em qualquer lugar do mundo, um piloto FAA também pode voar uma aeronave N em qualquer lugar do mundo, inclusive no Brasil.
Por outro lado, o fato de você ter uma licença comercial FAA não lhe dá o direito de trabalhar nos EUA, como muitos pensam. Afinal, para isso é preciso um visto de trabalho, coisa que hoje é quase impossível de conseguir, mas que talvez num futuro não tão distante torne-se mais acessível se o shortage (o tal apagão de pilotos americanos) se confirmar. De qualquer forma, há uma terceira possibilidade: você obter um visto F1 e trabalhar como instrutor. O visto F1 é um visto de estudante que permite, ao piloto, após concluir o puxado CFI (o INVA dos EUA) dar instrução por lá. Nada é tão simples quanto parece, e mesmo nos dois anos em que você pode voar por lá depois de formado, dificilmente você fará tantas horas quanto pensa que fará, afinal as poucas escolas que oferecem o F1 o oferecem à todos os alunos, e em algum momento a situação fica parecida com a fila de INVAs que vemos nos aeroclubes daqui.
O lado bom é que a formação e a experiência que se terá dando instrução por lá serão algo realmente fora do comum. Todos os pilotos brasileiros que conheço que foram CFIs são nada menos que excelentes. O lado ruim é que é muito caro e demorado: com o dinheiro que você precisará para fazer isso, dá pra fazer mais horas em menos tempo numa escola que só ofereça o M1 apenas com time-share/time-building. Cabe a você ver o seu orçamento, quanto tempo você pretende levar, e uma vez tomada a decisão, partir para os EUA. Mas lembre-se, a escola e o visto devem ser escolhidos antes de você ir. Depois dá até para mudar de escola, mas de visto não.