Levando em consideração que essas potências bélicas possuem os melhores caças de 4ª geração em operação, será que ainda existe alguma maneira dos Russos se diferenciarem dos Yankees?
Os melhores representantes
De um lado está o Sukhoi Su-35S Flanker E, o melhor caça de 4ª geração da Rússia.
A primeira variante foi concebida na década de 80, inicialmente para ser um sucessor do Su-27. Após ter aperfeiçoamentos na manobrabilidade e motores mais potentes, o denominado Su-35 se tornou nada mais que um Su-27 “melhorado”, pra preencher a lacuna deixada pelo seu antecessor, e a espera do seu sucessor de 5ª geração, o Sukhoi PAK FA.
Do outro lado da moeda está o McDonnell Douglas (agora Boeing) F-15 Eagle, um caça bimotor americano de superioridade aérea. Ele está dentre os mais bem sucedidos no combate aéreo, com mais de 100 vitórias ininterruptas, independentemente do país operador.
O projeto bem sucedido comprovou sua eficácia atuando em diferentes missões, mesmo não sendo um caça furtivo. O Eagle entrou em operação na década de 70, e recentemente, mais de 40 anos após seu primeiro voo, a Boeing apresenta sua modernização para manter seu ar jovial e superioridade aérea por muito mais tempo.
Agilidade e poder de fogo
Quando comparamos ambas as aeronaves no quesito tecnológico, fica claro que tanto os EUA quanto a Rússia possuem objetivos e capacidades semelhantes. Contudo, um fator no qual os americanos possuem clara vantagem é no campo financeiro, vendo que a Rússia por outro lado, ainda é um país sub-desenvolvido. Porém, como o próprio ditado diz, a “Necessidade é a mãe da invenção”, e com isso os ex-soviéticos se dão bem, vendo que desde a II Guerra são notáveis pela sua capacidade de adaptação ao cenário de guerra.
Apesar de serem equiparáveis em muitos tópicos, um no qual o Sukhoi (bem como a maioria dos caças russos) se sobressai, é na questão da manobrabilidade em baixa velocidade. Em um clássico dogfight com a utilização de canhões e mísseis de curto alcance, certamente o resultado não seria bom para os americanos.
Entretanto, de nada adianta você ganhar um combate inicial no céu, se sua logística em terra não lhe auxiliar a longo prazo, detalhe esse, no qual a USAF já mostrou poder se destacar ao longo de seus conflitos contemporâneos.
Vale mencionar que apesar dos russos sempre ganharem dos americanos em hipotéticos dogfights onde a manobrabilidade e armamento de curto alcance são utilizados, tal cenário é improvável. O abate de curto alcance teve seu auge na II Guerra e Guerra da Coréia. Desde então, com o advento do radar que proporciona a visão além do alcance, um inimigo se aproximar do seu alvo a ponto de abatê-lo desse modo é um cenário cada vez mais raro. A filosofia americana é que um caça russo até poderia abater sua aeronave em um dogfight clássico, porém, é improvável que ele consiga chegar tão perto a ponto da manobrabilidade inimiga poder fazer a diferença.
Quando se trata de armamentos, o Su-35 possui um canhão GSh-30 de 30 mm com 150 projéteis, 12 estações sob as asas e fuselagem para até 8 kg de armas, incluindo mísseis ar-ar, ar-terra, bombas e foguetes. Do lado americano, o pequeno F-15C possui 8 hardpoints nos quais pode carregar a grande maioria dos armamentos que a USAF disponibiliza, dentre eles os famosos AIM-9M Sidewinder e AIM-120 AMRAAM, para curto e médio alcance respectivamente, no combate ar-ar. Porém essa diferença é temporária, já que a Boeing está oferecendo um “up” no F-15 com quad-rail racks que vão dobrar a carga para 16, tornando-o um cargueiro de mísseis.
Ambos carregam mísseis ar-ar de longo alcance guiados por radar: o AIM-120D e o K-77M. Mesmo sendo de classe equivalente, a eficácia de ambos ainda tem que ser estabelecida no combate direto entre as duas nações. É um fato que os russos fazem menos uso de mísseis de longo alcance do que os americanos, porém o Su-35 é tão capaz de utilizá-los quanto seu rival.
Manutenção
Os EUA têm um histórico de fabricar aeronaves de alto custo. No caso do F-15, serão necessários R$ 40 milhões por unidade apenas para a modernização de sua fuselagem, o que o manterá operacional até 2040. Isso não é um desejo mas sim uma necessidade da USAF, o que vem a ser algo viável unicamente pela grande durabilidade e vida útil de suas aeronaves.
A exceção é a ”ameaça” F-35 Lightning II, que virou um escoamento de dinheiro por apresentar centenas de erros recorrentes desde o início do projeto.
Resgatando um constaste de Guerra Fria, é interessante notar como a aviação Russa representa o lado oposto nesses mesmos quesitos. Os caças da Motherland são famosos pelo seu baixo preço de aquisição, e devido a isso são boas escolhas para países emergentes ou com pouco capital. Contudo, essa economia não se mantém por muito tempo.
A antiga União Soviética mantém a fabricação de aeronaves com preços acessíveis para compra, mas sai em desvantagem com altos valores de manutenção, resultando em aeronaves com vida útil reduzida. A falta de peças para reposição também faz com que sejam pouco populares em países de Terceiro Mundo, sendo improvável a capacidade de mantê-los operando na maior parte do tempo.
Por ser um país fechado em certos aspectos, não é fácil conseguir um acordo de transferência de tecnologia. Um bom exemplo é o Peru, que adquiriu Migs-29 para seu arsenal. Apesar dos reparos simples poderem ser realizados facilmente (como em qualquer caça ou tanque russo), a história muda na hora da manutenção dos motores. Devido a falta de transferência de tecnologia entre os países, o Peru precisa desmontar os motores e enviá-los até a Russia para suas principais manutenções, o que obviamente só encarece o custo do equipamento.
Utilizando um clichê necessário: O barato sai caro.
Programa Eagle 2040C
Como já citamos no tópico de armamento, a próxima versão do F-15 pode ter sua capacidade de armamento sob as asas dobrada, but wait, there is more!
No pacote Eagle 2040C a Boeing também planeja incluir a capacidade de data link IRST, paralela ao F-22 Raptor, através do pod Talon HATE, além de um novo sistema eletrônico de contramedidas.
A tecnologia stealth também será um foco do novo modelo. Com a atualização, a assinatura radar do F-15 será até 10 vezes menor do que a do Su-35, o que reforça o já citado conceito de “O inimigo não conseguirá chegar perto a ponto de usar sua manobrabilidade contra nós”.
“And the Oscar goes to”
O objetivo deste artigo é evidenciar como o F-15 SE e o Su-35 E são combatentes equivalentes em diferentes tópicos.
O Su-35 mantém a liderança na manobrabilidade e agilidade, ajustando-se a necessidade de boa parte dos potenciais clientes que possuem pouca infra-estrutura. Cumpri missões por um preço menor, além de ser uma plataforma extremamente capaz contra alvos em terra e ar. Em contrapartida, os modelos atuais do F-15C permanecem superiores no quesito radar, e a assim que modernizados para a versão F-15 SE, serão inigualáveis, ostentando cargas extraordinárias ar-ar e fusão de dados.
Portanto, dar o Oscar apenas para um é não apenas impossível mas também injusto. Cobertura radar, logística, manutenção e modernizações, sempre darão a vantagem para um ou outro, em diferentes países, cenários e conflitos.
E para o Brasil especificamente, qual você acredita ser a escolha correta em uma hipotética compra?
- Imagem 2: KnAAPO
- Imagem 3: U.S Air Force via Wikimedia Commons
- Imagem 5: Boeing concept art
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