Quando falamos em linhas aéreas, o primeiro formato de companhia que costuma vir à nossa mente é o das empresas de transporte de passageiros. É algo natural, visto que essas são as companhias com as quais temos mais contato em nosso cotidiano. Muitas pessoas, no entanto, imaginam ser esse o único formato existente de “linha aérea”, sem imaginar que o termo designa qualquer companhia que preste serviços aéreos regulares, seja de transporte de pessoas ou de serviços logísticos. Nesse âmbito de formatos pouco lembrados de linhas aéreas, temos as companhias cargueiras, empresas que transportam de tudo um pouco – menos pessoas.
A primeira companhia cargueira a surgir nos Estados Unidos foi a Flying Tigers. Ela foi fundada em 1945 por Robert William Prescott, um ás da Segunda Guerra Mundial. Prescott serviu ao lado de outros pilotos, que juntos formaram o primeiro grupamento de voluntários da Força Aérea Americana, batizado de “Flying Tigers” – daí o nome de sua futura companhia. Próximo do fim da Segunda Guerra Mundial, ao lado de outros nove pilotos voluntários, Prescott iniciou as operações de sua companhia com uma pequena frota de aeronaves Budd RB Conestoga, utilizados na logística militar. Eram aviões tão raros, que apenas vinte unidades destes foram produzidos.
O Aeroporto Internacional de Los Angeles foi escolhido como base de operações da Flying Tigers. Algumas de suas primeiras operações partiam ainda de São Francisco, também na California. Os primeiros voos tinham como destino a cidade de Boston, no estado americano de Massachusetts.
Devido a suas origens militares, seria natural que a Flying Tigers prestasse serviços logísticos às Forças Armadas. Entre eles estiveram a ocupação do Japão, após a rendição desse país na Segunda Guerra Mundial, e também alguns transportes na construção do “Distant Early Warning”, uma linha de defesa construída no Alaska durante a Guerra Fria, que visava detectar, com antecedência, possíveis invasões soviéticas aos Estados Unidos. No entanto, não apenas de logística militar viviam suas operações: a Flying Tigers tornou-se conhecida por transportar, com eficiência, animais como cavalos de raça e rebanhos leiteiros. Entre os seus “passageiros” mais ilustres, esteve a primeira baleia orca Shamu, do Parque Aquático SeaWorld. Além da logística militar e do transporte de animais, a Flying Tigers foi responsável também por transportar a tocha da Estátua da Liberdade, quando o monumento foi erguido.
Os números atingidos pela Flying Tigers foram surpreendentes. Na década de 1980, a companhia chegou a superar a Pan Am como maior operadora de voos de carga do mundo, atendendo a 58 países em 6 continentes. Numa iniciativa de diversificação, a companhia chegou a operar alguns voos de transporte de passageiros, o que levou à contratação de um quadro de 251 comissários de voo. Em todos esses voos, predominavam os Boeings 747 e 727, além de algumas unidades do Douglas DC-8. No entanto, com o Ato de Desregulamentação do Serviço Aéreo Americano, promulgado em 1978, o governo federal deixou de ter controle sobre as taxas empregadas no setor, rotas utilizadas e abertura de novas companhias aéreas. Criou-se um cenário de extrema competitividade no mercado, levando a Flying Tigers a ser vendida para a Federal Express, em 1988.
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