Seguindo com nossa série sobre os mistérios que rondam a formação de piloto nos EUA através da FAA, vamos desmistificar mais uma teoria:
Lenda: As horas voadas nos EUA não são aceitas no Brasil.
Fato: Essa é das grandes e já deve ter destruído o american dream de muita gente. Bom, vamos lá: quem no Brasil não aceitará suas horas? Os empregadores? A ANAC? Ainda há muito ruído neste assunto, e em geral, uma vez consularizadas (o consulado brasileiros nos EUA reconhece sua Logbook – CIV – como autêntica antes mesmo da sua volta para o Brasil) todo mundo aceitará suas horas por aqui. Nas linhas aérea sim, e na executiva ainda mais.
O único porém real fica por conta da ANAC: embora a FAA aceite sem restrições horas brasileiras, mesmo que sejam canetadas – afinal, se você for pego mentindo lá vai preso, então se você mentir o problema é seu – no Brasil a ANAC não reconhece efetivamente as horas, por mais que sejam feitas em escola homologada e usando hobbs time.
Mas para fazer justiça ao tema, o RBAC diz que a ANAC só aceitará horas voadas em aeronaves estrangeiras para fins de obtenção de licença superior ou comprovação de experiência recente. Ou seja, para quem precisa de 1500 horas para o PLA, ou precisa levar passageiros mas seus últimos voos foram semana passada nos EUA em avião semelhante, em tese não há restrição. Mas isso não significa que a ANAC emitirá um certificado de horas com seu total voado nos EUA nem muito menos que o DCERTA aceitará que você registre essas horas.
E quanto a abrir sua CIV com 150 horas no Brasil, a minha abri com zero pois ninguém falou nada nesse sentido. Se você quiser continuar usando sua Logbook americana, você terá o que já tem de horas e ponto. Elas são suas, ninguém lhas há de tirar. Na prática, o que eu tenho visto é que, pilotos FAA e mesmo ANAC, ao chegar nas 1500 horas, vão direto para os EUA checar o ATPL: a Emirates já disse que prefere.