Em mais um capítulo de nossa série sobre os mistérios que rondam a formação de piloto nos EUA através da FAA, vamos desmistificar mais uma teoria:
Lenda: Nos EUA só se voam aeronaves novinhas
Fato: You wish! Bem verdade que ninguém voa AeroBoero e Paulistinha lá, mas é mais comum encontrar Cessnas e Senecas dos anos 1970 e 1980 do que você imagina. O avião por excelência do time-share, o Cessna 152, com valor de hora solo em torno de 90 dólares, com certeza não será nada muito novo, afinal já deixou de ser produzido há anos. Mas é óbvio que a receita em dólar e os custos mais baixos tanto impostos pela agência quanto pelo mercado americano, dezenas de vezes maior que o nosso, facilitam para que as aeronaves estejam bem conservadas e mantidas. Some-se a isso pistas simplesmente maravilhosas – a infra-estrutura aeroportuária de cidades pequenas nos EUA eclipsa e de muitas capitais brasileiras – e teremos aviões que duram muito. Claro que há escolas em que só se voa G1000 desde o PP e no MLTE, você faz tudo no Diamond Twin Star.
Mas ambas são coisas ruins, num certo ponto de vista: aprender a voar IFR usando reloginhos e MLTE em aviões mais tradicionais com certeza o deixará mais apto ao mercado do que se você aprender somente no jeito fácil: afinal, se adaptar ao G1000 ou ao autofeather é bem mais suave do que se adaptar ao VOR bahiana ou ao passo variável de um Seneca. Além do que, os simuladores cobrados na seleção das companhias brasileiras sempre serão em reloginhos.
Na minha opinião, mesmo que sua escola disponha de aviões com G1000, deixe para voá-los no time-share, quando você já souber se virar do jeito difícil. Do contrário, uma tecnologia que veio pra facilitar vai acabar é atrapalhando sua formação.