Dando sequência em nossa série sobre os mistérios que rondam a formação de piloto nos EUA através da FAA, vamos desmistificar mais uma teoria:
Lenda: Posso fazer tudo no Brasil e convalidar para a FAA
Fato: Não, não pode. O que dá para fazer é, tendo ICAO 4 pelo menos, validar o seu PP nos EUA e a partir daí, tirar seu IFR e seu PC. Por mais que as horas brasileiras sejam válidas lá, os requerimentos da FAA são muito diferentes – para não usar alguma palavra arrogante. Então, chegando lá, mesmo que tenha todas as horas, você vai precisar fazer prova de IFR e checar o IFR. Fazer prova de PC e checar o PC. Tecnicamente, até o que muita gente faz, de validar o PP e trasladar avião sendo pago para isso, está errado: pilotos privados não podem receber para voar, nem as horas (“compensation or hire”, segundo a regulamentação americana). O contrário, no entanto, é possível: dá para convalidar PP, IFR e PC FAA na ANAC, mas claro que o que vale mais a pena é validar o PC direto e matar as outras junto. O CFI não dá para trazer, há que se fazer o INVA de novo aqui. O melhor caminho para formação lá é, claro, começar do começo: você evita o curso chatíssimo em sala de aula no Brasil – a formação nos EUA é bem mais prática, com muito menos teoria em sala e muito mais teoria em casa – e não vai precisar se adaptar a um sistema diferente num momento em que você ainda não voa tão bem assim. Mas todas as horas que você já tiver voado no Brasil contam: quem vai zerado precisa voar 250 horas para checar o PC no part 61. Quem já tiver voado, digamos, 30, vai precisar de 220. E assim por diante. Desde que se cumpram os requerimentos – além de quantidade, a “qualidade” das horas – você poderá prosseguir com sua formação normalmente.