Como já é conhecido por muitos de nossos estudantes de aviação, a grade curricular dos cursos de piloto no Brasil apresenta algumas deficiências em relação aos cursos oferecidos em outros países. Os padrões da FAA, nos Estados Unidos, e da EASA, na Europa, exigem conhecimentos que seriam muitos úteis a todos nós, pilotos brasileiros, ainda que não sejamos cobrados de apresentá-los em nossos voos de cheque.
Uma das manobras que já fez parte de nossa formação é o chandelle. Mas você sabe do que se trata essa manobra, e qual a sua aplicação? Sabe qual a importância de aprendê-la e praticá-la? Falemos então um pouco sobre ela, em nosso artigo de hoje.
Definição da Manobra
Basicamente, o chandelle consiste de uma curva de 180 graus, efetuada em voo ascendente. A ideia é efetuar a manobra dentro do menor espaço possível: na aplicação civil, o chandelle pode ser usado para desviar de um obstáculo de terreno, por exemplo. No uso militar, o chandelle é bastante utilizado para uma rápida inversão de posições em um combate, voltando-se contra um possível agressor antes que ele se reposicione. Em ambos os casos, a manobra exige que o piloto domine a coordenação da aeronave, em ângulos e velocidades muito próximos dos parâmetros críticos de voo.
Executando o Chandelle
Após um cheque de área (curvas de 90º, 180º e 90º, nesta sequência), inicia-se o chandelle em voo reto nivelado, velocidade de cruzeiro e altitude de segurança: 1500 ft AGL para voos em duplo comando, e 2000 ft AGL para voos solo. Nos primeiros 90 graus de curva, leva-se a aeronave a uma curva de 30 graus de inclinação, enquanto se aplica potência máxima e se eleva o nariz da aeronave. Nesta primeira metade da manobra, deve-se manter inclinação constante, e arfagem (elevação do nariz) crescente.
Após atingir os primeiros 90 graus de curva, começa-se a nivelar as asas gradativamente, mantendo-se a arfagem. Ou seja: ao contrário da fase anterior, nesta deve-se manter arfagem constante, e inclinação decrescente. Como se pode imaginar, à medida que se aproxima do fim da manobra, a velocidade decresce até se aproximar da VMC (velocidade mínima de controle). Neste momento, é posta à prova a habilidade do piloto em coordenar a curva e gerenciar a energia da aeronave em condições críticas. Encerra-se a manobra cedendo gradativamente o nariz, para o retorno ao voo nivelado a 180 graus da proa inicial. Aqui, espera-se que o piloto perca muito pouca ou nenhuma altitude ao recuperar sua velocidade de cruzeiro.
Avaliação Final
De acordo com os padrões técnicos de avaliação da FAA (PTS – Practical Test Standards), para ser aprovado na manobra, o piloto deve estabelecer 30 graus de inclinação no início da manobra, nivelar numa proa a exatos 180 graus (com 10 graus de margem de erro, a mais ou a menos), atingir a velocidade mínima de controle, e perder o mínimo possível de altitude ao final da manobra. Ao enquadrar-se nesses parâmetros, o piloto se mostra apto a voar sob os mais rígidos padrões da aviação comercial mundial, demonstrando proficiência e capacidade de voar com suavidade e segurança.
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