Recentemente, publicamos aqui no Canal Piloto o episódio 69 do CP Cast, onde falamos sobre alguns dos medos que pairam sobre a cabeça de pilotos em formação, seus amigos e familiares. A troca de experiência com outros pilotos tem nos mostrado que este é um assunto importante, quando se trata de formação aeronáutica. Muitos alunos têm dificuldades, ou até mesmo desistem de sua formação, por não encontrarem apoio nessas questões.
Não se trata de algo que acometa apenas aos que não nasceram para voar. Quem assistiu Top Gun (alguém aqui ainda NÃO assistiu?) deve se lembrar de que Maverick só foi para a academia dos Ases Indomáveis porque um piloto ainda melhor do que ele, Cougar, desistiu de voar após uma crise de pânico no cockpit. E conversando com amigos, instrutores e amigos instrutores, soube que nem todos os alunos sofrem dos mesmos medos. Porém, alguns desses receios são mais comuns e recorrentes. Quais são então esses receios, e como podemos enfrentá-los? Vejamos alguns exemplos:
Medo de se perder
Eis que você está naquela navegação visual solo, e de repente, começa a não encontrar as referências de que necessita para se orientar. Quem não se assustaria com essa possibilidade? Para evitar essa situação, é muito importante estudar suas cartas de voo, cultivar o hábito de efetuar cross-check de referências visuais e proa magnética, e se preciso, fazer mais algumas navegações em duplo comando com seu instrutor, antes de lançar-se sozinho em sua navegação. Anotar mais algumas horas na CIV não fazem mal a ninguém.
Se você estiver fazendo sua formação em espaço aéreo controlado, essa será uma situação ainda mais fácil de prevenir. Controladores sabem quando estão monitorando espaços aéreos onde ocorrem voos de instrução, e estão preparados para lhe orientar se preciso for. Não há nada de errado em solicitar vetoração ou a proa ideal para o seu próximo fixo. Isso, no entanto, pode nos levar a outro medo comum entre pilotos em formação.
Medo de falar na fonia
Muitas pessoas temem falar em público, e quando se trata de alunos pilotos, esse mesmo medo pode se manifestar na hora de interagir com órgãos de controle. Felizmente, também podemos aplicar aqui algumas técnicas de oratória. Respire fundo, procure falar pausadamente, e elabore mentalmente sua transmissão antes de apertar o PTT. Lembre-se de que nossas comunicações são compostas, basicamente, de quatro elementos: a quem nos dirigimos, quem somos (prefixo de nossa aeronave), onde estamos e qual a nossa intenção. Chamadas iniciais (cold calls), quando requeridas, compõem-se apenas dos dois primeiros elementos.
Para perder o medo do microfone, habitue-se a escutar frequências de controle (sites como o LiveATC.net podem lhe ajudar muito nisso!), estude a MCA 100-16, e peça ao seu instrutor algumas dicas para melhorar sua fraseologia – ele ou ela estão lá para isso, mesmo.
Medo de voar solo
Este é um medo bem mais comum e, para falar a verdade, algo que este que vos escreve também vem superando. Voar solo exige confiança na aeronave e, acima de tudo, confiança em si mesmo. O importante aqui é não se forçar a algo que você não esteja confortável de fazer. Cada piloto tem seu próprio ritmo, e atinge sua auto-confiança a seu próprio tempo. Uma coisa, no entanto, pode ser considerada uma constante: quanto mais frequente forem os seus voos, mais rápido você atingirá essa auto-confiança. Esse é um dos motivos pelos quais pilotos mais velhos, que só podem voar aos finais de semana, levam um maior tempo para se sentirem prontos a voar solo. Frequência é a chave para se sentir tão à vontade no cockpit quanto você estaria ao volante de seu carro.
E você, quais medos ou receios já enfrentou ou enfrenta em sua formação? Como conseguiu superá-los? Este artigo não fica completo sem a sua participação. ;)
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