E aí Cmtes, tudo tranquilo? Maravilha!
Mais um relato chegando para vocês, este é o último de minhas navegações do PP. Já faz quase 2 meses que fiz esse voo, então os detalhes não estão tão ricos quanto nos relatos anteriores, mas infelizmente não consegui escrevê-lo antes.
De qualquer forma, espero que apreciem da mesma forma e ao final, coloquei algumas fotos do voo, que estão muito boas. Então, acomodem-se na cadeira e boa leitura ;)
Uma semana após minha segunda navegação, que teve como destino a cidade de Presidente Prudente, marquei a terceira e última navegação do curso, a navegação longa, que duraria em média 3h. A navegação longa padrão do aeroclube de Londrina é uma viagem com destino a Presidente Prudente, Presidente Epitácio e novamente Londrina.
Cada perna tem em torno de 1h de duração. Sendo assim, com um dia de antecedência, já planejei a rota e os pontos de referência da mesma e deixei tudo organizado para poder voar no dia 13/12/11.
Cheguei ao aeroclube com pouco mais de 1h de antecedência ao horário do voo. Fui olhar no quadro de escala para verificar o avião correspondente e o instrutor para já fazer o plano de voo.
O avião seria o PR-BLO, e o instrutor, meu padrinho no aeroclube, Bruno Thomé. Fui até a sala de preparação de voo checar as informações básicas como TAF, NOTAM, METAR, cartas de vento, ROTAER e pane e documento do dia. Também aproveitei para preencher o plano de voo e a ficha de peso e balanceamento.
No caso do voo com o BLO, seria necessário um abastecimento em Prudente para que pudéssemos completar a navegação, e o abastecimento seria por minha conta.
Enquanto preenchia a ficha de peso e balanceamento, o Thomé entrou na sala para fazer o debriefing de outro aluno e me comunicou que ele havia mudado nosso avião para o PT-BKR, pois assim, não precisaríamos reabastecer em Prudente.
O BLO, se não me engano, tem capacidade de 90L no tanque, e o BKR é um Cessna Long Range, isto é, a capacidade do tanque dele é de 144L. Com os 144L, conseguiríamos ir e voltar em nossa navegação e ainda teríamos o combustível necessário de reserva em caso de ir para uma alternativa.
Sendo assim, modifiquei o plano de voo para corresponder ao BKR e a ficha de peso e balanceamento. Com tudo pronto, passei o plano de voo para a sala AIS e ficamos no aguardo da liberação para partir. Enquanto isso, fizemos o briefing do nosso voo e parti para a inspeção externa do BKR.
Como seria um voo mais longo, sem muitas opções de campos de pouso apropriados pelo caminho, fiz o check externo de forma mais minuciosa que o normal, tudo para garantir as perfeitas condições de voo. Com tudo pronto e em ordem, aguardei alguns minutos até a liberação do nosso plano.
Já próximo da hora para a qual o plano de voo foi passado, entrei no BKR, que, diga-se de passagem, é bem apertadinho para meu pequeno tamanho (hahaha), para ouvir o ATIS e solicitar acionamento e cópia.
Com tudo autorizado, o Thomé tomou seu lugar no BKR e começamos o “ritual” tradicional de todo voo. A primeira parte do voo foi idêntica ao voo passado. Mas resumindo esta perna, decolamos de Londrina e partimos para a radial 005 para Prudente, voando no FL055. Passamos por Bela Vista do Paraíso, Florestópolis (través), o limite entre as TMAs de Londrina e Prudente, a pista de pouso da Fazenda Esperança, Taciba e por fim Prudente.
O toque em Prudente foi tranquilo e suave, na mesma pista do voo anterior, a 12. Após o toque, partimos então para nossa perna até Presidente Epitácio.
– PT-BKR, tocou e arremeteu aos 43, efetue curva à esquerda e após livrar o circuito de tráfego, suba para o nível de voo 045, mantendo a radial 317 até Presidente Epitácio. Informe atingindo o FL045.
– Ciente, curva a esquerda. Livrando o circuito, subir para 045 mantendo a radial 317 até Epitácio. Informarei atingindo 045, BKR.
De acordo com os cálculos da navegação, do solo em Prudente até atingir o FL045, seriam precisos 10 minutos e 12 milhas náuticas. Na perna que nos levaria até Epitácio, os pontos de referência eram muito escassos. Teríamos apenas uma cidade nas referências, que seria Presidente Venceslau. Assim que chegamos em nossa altitude de cruzeiro, informamos o Controle Prudente em 118.45MHZ.
– Controle Prudente, BKR atingindo 045.
– Controle ciente, chame livrando a terminal.
– Chamarei.
Logo após estabilizar em cruzeiro, nosso ponto de referência agora seria uma ponte que estava a nossa esquerda e a cidade de Santo Anastácio que estaria a nossa direita. O voo corria bem, sem muitos problemas e turbulências até então. Deste ponto de referência até o limite da TMA Prudente, seria mais 6 minutos de voo.
Assim que completaram-se os 6 minutos, chamamos o controle para informar a saída da TMA:
– Controle Prudente, PT-BKR livrando a TMA no momento.
– Controle ciente, frequência livre para coordenação de tráfego em Epitácio.
– Ciente, BKR.
Colocamos na frequência livre, 123.45MHZ, para coordenar com aeronaves na região e efetuar o toque em Epitácio. Assim que livramos a terminal, o próximo ponto de referência seria o aeroporto de Presidente Venceslau, logo à nossa direita. Cruzamos por ele e em mais 7 minutos, atingimos nosso ideal de descida. Então, coordenamos na livre:
– Para coordenação de tráfego em Presidente Epitácio, PT-BKR, mantendo a magnética 316, proveniente de Presidente Prudente e com destino a Epitácio, descendo do nível de voo 045 para a altitude de tráfego em Epitácio. Estimando sobrevoo sobre o aeroporto em mais 5 minutos. Coordenou na livre, PT-BKR.
Nenhuma resposta foi obtida, logo, nenhuma aeronave estaria sobrevoando a região. Começamos nossa descida de acordo com os padrões e logo atingimos a altitude de 2000FT, altitude essa do circuito de tráfego em Epitácio. Avistamos o aeroporto próximo à margem do rio Paraná, que por sinal estava lindo aquele dia.
Abaixo vocês conferem algumas fotos que tirei de lá. Como não tínhamos ideia da direção do vento, faríamos um sobrevoo sobre o aeródromo para avistar a biruta e verificar qual seria a melhor pista para pouso. O vento estava totalmente de través com ambas as cabeceiras e por conta disto, preferimos efetuar o circuito padrão para a pista 05, passando sobre o rio na perna do vento. Para isso, coordenamos novamente:
– Para coordenação em Epitácio, PT-BKR está ingressando na perna do vento da pista 05, para efetuar um toque e arremetida em Presidente Epitácio.
Novamente sem resposta, prosseguimos com nossa aproximação. Alonguei um pouco a perna do vento para ter uma final mais longa e planejar melhor a aproximação, girando base, coordenei na livre novamente, fiz os checks e ingressamos na final.
Em ambas as cabeceiras de Epitácio, temos árvores um pouco altas, então é uma final meio desafiadora, dado ainda o tamanho da pista, relativamente pequena e estreita. Mas o toque veio sem problemas e a arremetida também. Com as árvores na final oposta e o BKR meio pesado, fiquei com certo medo na arremetida, torcendo para que o motor não falhasse e que pudéssemos livrar o eixo o mais rápido possível. Estando sobre o rio, pelo menos um pouso na água é melhor que no meio das árvores e casas.
Mas felizmente tudo correu bem e voltamos ao céu de forma segura. Enquanto guiava o BKR para o nosso novo rumo, pedi ao Thomé que fizesse umas imagens da região. Enquanto isso, coordenava na livre:
– Para coordenação, PT-BKR, tocou e arremeteu em Presidente Epitácio, subindo para o nível de voo 055 pela radial 164 até Londrina.
Sem nenhuma resposta, prosseguimos com nosso voo. De Epitácio até nosso TOC (nível de cruzeiro), seriam 15 minutos e foi aí que aprendi algo muito importante.
Nunca deixe de marcar referências antes do TOC, pois uma vez que o avião está pesado e demora mais para subir, se você depender só do TOC para se orientar, você acaba ficando perdido nos próximos pontos de referência, pois se o avião demora mais para alcançar o nível de cruzeiro, com certeza ele vai passar por algumas referências que você tinha programado antes de atingir o TOC.
Então, procure sempre manter referências visuais com objetos e cidades no solo antes do TOC. Eu aprendi isso da pior forma possível. Não peguei referências no solo antes do TOC e por isso, ao atingir o nível de cruzeiro, já havia passado minha próxima referência, que seria a cidade de Marabá Paulista.
Fiquei procurando pela cidade e não a encontrei, então comecei a observar o solo para encontrar alguma referência da carta e me basear por ela para não perder as referências seguintes. Felizmente consegui identificar uma cidadezinha chamada Mirante do Paranapanema, que por sorte, era onde deveria chamar a TMA Prudente novamente.
– Controle Prudente, PT-BKR novamente na sua escuta.
– Controle Prudente ciente. BKR, informe estimado para livrar a TMA e para pouso em Londrina.
– BKR estimando livrar sua terminal aos 09 e pouso em Londrina aos 45.
– Ciente, informe livrando a TMA Prudente.
– Informarei.
Estávamos com um bom vento de cauda, pois nosso estimado para permanecer na terminal era de 15 minutos, mas pelas referências em solo, livramos a TMA em 10. Assim que livramos a TMA, já estávamos visuais com o rio Paranapanema, nosso próximo ponto de referência e onde deveríamos escutar o ATIS antes de ingressar na TMA Londrina novamente. Passamos pelo rio, chamamos o ATIS e chamamos o controle Londrina em 129.70MHZ para informar nosso ingresso.
– Controle Londrina boa tarde, PT-BKR, ciente da N, mantendo 055 na magnética 165, estima entrar na sua terminal em mais 5 minutos e pouso em Londrina programado para os 45 da mesma.
– BKR, controle ciente. Informe ingressando na terminal.
– Informarei ingressando, BKR.
O voo tinha começado a ficar mais agitado em alguns momentos por conta dos ventos. Viemos balançando praticamente a viagem toda e foi assim até Londrina. Passados os 5 minutos para ingresso, voltamos a nos comunicar com a torre.
– BKR ingressando na TMA Londrina.
– BKR, ciente, informe no ideal de descida.
– Informaremos, BKR.
O través de Miraselva seria nossa próxima referência e junto dela, a ponta de uma das partes do rio, programadas para 9 minutos depois de ingressar na TMA. Já avistada, esperei chegar no ponto de través para anotar a hora e programar o próximo estimado, que seria a pista de pouso da Fazenda Santo Antônio, também em mais 09 minutos.
Assim que cruzamos com ela, começamos a nos preparar para a descida. Chegando no ponto de descida, já sobre o distrito da Warta, avisamos o controle:
– Controle, BKR no ideal de descida.
– Controle ciente, chame torre em 118.40MHZ.
– 118.40, BKR. Boa tarde.
– Torre Londrina, PT-BKR iniciando descida para o circuito de tráfego em Londrina.
– Torre Londrina ciente do seu tráfego, BKR. Informe atingindo altitude de tráfego.
– Informarei, BKR.
Descemos para nossa altitude de tráfego a 2900FT e chamamos a torre:
– Torre, BKR atingindo 2900FT. Se possível, teria como autorizar uma base direta para a final de 13?
– BKR, afirmativo, autorizado base direta, informe na final da 13.
– Informarei na final, BKR.
E sempre bom quando autorizada uma base direta, pois evita ter que ingressar no começo da perna do vento, economizando tempo e combustível. Entretanto, não é toda vez que isso é possível. Como fomos autorizados desta vez, já fiz o check pré-pouso e ingressei na final.
– Torre, BKR na final da 13.
– BKR, ciente, pouso autorizado, vento 150/10KT, QNH 1014.
– Livre pouso, BKR.
Fui administrando a rampa na final, mantendo a velocidade de pouso de 80MPH e compensando um pouco do vento que estava nos jogando um pouco para fora do enquadramento. No fim, um pouso bom, alinhado e o fim de mais uma navegação. Livramos tradicionalmente na C e E e seguimos para o pátio do aeroclube. Foi um voo muito bom, onde aprendi coisas novas e com um visual deslumbrante. Abaixo vocês conferem as fotos que tirei em Epitácio e poderão ver por vocês mesmos, a beleza que é a região desse aeroporto.
Muito bem senhores, este foi meu último relato das navegações. Agora, falta apenas o relato do voo noturno, o qual realizei neste fim de semana. Assim que tiver um tempinho novamente, escrevo e publico aqui para vocês.
Futuro Piloto
Fábio Miguel
blogfuturospilotos@gmail.com