Problemas observados na relação Homem/Máquina/Meio, durante a operação aérea
Boa tarde pessoal.
Assim como eu, sei que todos são a favor da automação na aviação civil.
Todas as luzes multicoloridas e telas nos deixam estáticos e cada vez mais adeptos das facilidades promovidas pelas novas tecnologias aeronáutica. Mas………, vamos sempre pensar em todas as variáveis envolvidas.
• O Pilot workload (Carga de trabalho do piloto): É evidente que a automação trouxe uma significativa redução da Carga física de trabalho (Physical workload) dos pilotos, com a simplificação de inúmeras tarefas que outrora demandavam uma ação mecânica da tripulação técnica. Entretanto, e em contrapartida, houve um aumento substancial da sua Carga cognitiva de trabalho (Cognitive workload), através da qual o stress, a confusão e a fadiga mentais se fazem mais presentes no cotidiano operacional;
• A ausência de uma filosofia industrial padronizada de automação: Falta de uma filosofia industrial padronizada de automação que leve os fabricantes a projetar aeronaves com equipamentos, dispositivos e sistemas semelhantes o suficiente para tornar as relações do Homem com as Máquinas mais equiparadas, equilibradas e harmoniosas, independentemente dos tipos de aeronaves a serem operadas;
• A Intimidação e/ou a Timidez: Falta de iniciativa dos pilotos para interferir na operação automatizada da aeronave, quando necessário;
• O excesso de confiança no automatismo: A remoção de certos tipos de feedback nas modernas aeronaves automatizadas tornou invisível aos olhos humanos determinados processos operacionais importantes (vide a ausência de movimento aparente das Thrust Levers – manetes de potência – dos modelos mais recentes da família de aviões da Airbus), o que em certas ocasiões impede os pilotos de identificarem e entenderem um novo cenário que esteja a caminho em momento futuro bem próximo, de processarem novas informações e de responderem rápida e apropriadamente às demandas decisórias, muitas vezes não previstas.
As dificuldades acontecem pelo bloqueio momentâneo da capacidade de percepção dos pilotos. No caso dos manetes dos modelos AIRBUS mais recentes, a percepção visual periférica dos pilotos é bloqueada, fato que não permite a compreensão imediata das razões que estão levando a aeronave a atitudes não comandadas por eles.
Como conseqüência disto, há, por parte dos aviadores, uma exarcebada delegação operacional ao sistema automatizado, como se ele isoladamente fosse capaz de retornar a aeronave à normalidade, o que é potencialmente inseguro para a operação aérea;
• A complacência: Atitude passiva frente às situações rotineiras ou incomuns, em virtude de falhas no processo ativo de supervisão do automatismo;
• A desconcentração e/ou Desatenção: Acionamento equivocado ou seleção incorreta do comando a ser cumprido pelos sistemas automatizados (altitude, velocidade, proa, rumo, interceptação de track, etc.), mas com a esperança do piloto de que o próprio automatismo se autocorrija em caso de um erro seu;
• A falha na supervisão: Ausência de vigilância e de verificação da execução correta ou não do comando requerido do sistema automatizado;
• A ausência do double-ckeck: Falta de conferência dos dados inseridos por um dos pilotos;
• A perda do alerta situacional: É a falta de consciência dos fatos acontecidos no ambiente operacional, o que provoca uma ausência momentânea da realidade. Não há discordância de que os pilotos, para decidirem melhor, devem estar totalmente cientes do que a aeronave está fazendo e o porquê de todas as ações realizadas pelo sistema automatizado;
• A confusão mental: O aumento da complexidade dos sistemas automatizados trouxe dificuldades adicionais para se entender e se processar um número cada vez maior de informações, a ponto de provocar ações equivocadas, ambigüidade e incoerência na execução das tarefas operacionais consideradas simples por parte dos pilotos;
• A queda das habilidades CRM: Falta de harmonia interativa e divisão inadequada ou falta de cumprimento das tarefas coletivas afetas às tripulações, incluindo as de monitoramento operacional, tanto em situações corriqueiras como nas emergenciais;
Rodrigo Almeida
engflorribeiro@yahoo.com.br