Antepenúltima Semana, Checklist e Fonia padrão

Oscar Lima Alfa senhores e senhoritas,

 

No dia 28 de novembro iniciamos a antepenúltima semana de curso teórico. A ansiedade aumenta e o número de simulados feitos também, queremos logo fazer a tal banca da ANAC. O curso termina dia 16 de novembro e eu penso em agendar a prova da ANAC na manha deste dia ou, um dia antes, torcerei para que os servidores de lá, entrem em recesso um pouco depois.

Última aula que tivemos de navegação, fizemos uma navegação com os ventos variando de direção e velocidade. O aeroclube de Brasília em questão de aulas de navegação programou bem, pois agora temos um tempo de dar aquela revisão geral na matéria. Enfim, navegação agora só na banca.

 

Terça feira e Quinta feira respectivamente, tivemos depois de muito tempo aula de conhecimentos técnicos, com foco total no motor a pistão. Ao contrário das matérias de meteorologia e navegação, CTC é uma das matérias que mais rende estórias de hangar, e quando estávamos comentando os sérios problemas que a água pode causar se estiver presente no combustível, rolou um debate sobre as inspeções e checklist, e logo em seguida, nosso professor contou o seguinte ocorrido:

 

A primeira vista é fácil por a culpa no mecânico, mas e o checklist? No checklist, existe a linha de texto que se refere aos comandos do avião, e o nosso protagonista o ignorou. Culpa de quem leitores? Dos dois. Não ignore o checklist!

Aula de regulamento, e tivemos o término do assunto sobre ATIS, e entramos em fraseologia. No curso teórico, o que aprendemos de fraseologia seria apenas a “gramática”. Aprendemos o alfabeto fonético (todos já sabiam), ler números e algumas regrinhas a mais, ou seja, nada de fraseologia real, apenas o teórico para a banca. Mas se falando de fraseologia real, a utilizada no dia-a-dia contém muitos erros como todos sabem, seria a mesma coisa do português gramática e o português falado.

 

Exemplo fonia padrão:

 

PT-ATH: Descendo para o nível de voo 095, PT-ATH.

Na vida real:

 

Se não for assim, é parecido. O fato é que a fonia pode nos colocar numa fria, e provarei com esta estória que o professor de regulamento contou (ele, controlador da FAB). Abaixo tem uma imagem representando a situação.

 

 

“Neste dia (na época o tal do TCAS não existia) chegavam dois Varig’s para terminal de São Paulo em uma aerovia, um no nível de voo 270 e mais rápido, e outro no nível 160 e consequentemente mais devagar. O Varig 01 foi autorizado a descer para o nível de voo 170, a intenção era deixa-lo acima do Varig 02 por certo tempo, pois como estava mais rápido, logo poderia continuar a  descida  para chegar na terminal a frente do Varig 02. Até aqui, nada de anormal, mais os precedentes começaram a se apresentar (note que a frequência da terminal era 120.0), quando o Varig 01 atingia o nível de voo 190.

 

VAR 01: Centro Brasília, o VAR 01 está passando pelo 190. VAR 01. (O piloto mostrou sua intenção de descer mais que o nível autorizado).

 

ACC: Ciente VAR 01, agora 120.0. (O controlador informou a frequência que devia ser chamada).

 

VAR 01: 120, VAR 01. (Note que o piloto cotejou um nível de voo mais baixo que o Varig 02, não a frequência).

 

Resultado, o piloto do Varig 02 notou uma sombra estranha no seu cockpit (o avião era o Electra, tinha janelas na parte superior), e jogou o avião para a direita, colando todo mundo na fuselagem esquerda. Seria um acidente que totalizaria 122 vítimas, que ocorreria por falta de entendimento entre o controlador e o piloto. Não estou apontando o dedo pra ninguém, a fonia real adianta muita coisa por ser mais curta, porém temos que ter muito cuidado nos momentos críticos. Ocorreu um caso parecido mais recentemente, entre um Gol e um TAM, porém foram salvos pelo TCAS.

 

Uma ótima aula de teoria de voo, tivemos um simulado extra, acertei 14 questões, mas foi de ótimo apoio. Após isso, aprendemos sobre estabilidade e instabilidade. E como citado nesse artigo, ganhei uma coca-cola por ganhar um desafio, mas até então eu não tinha ganhado. E nesta sexta, nosso colega e professor Diego Pablo confeccionou um vale coca-cola pra mim:

 

 

Deu tanto medo que quase não troco esse vale (e li em voz alta também), mas valeu a pena, a coca – cola estava geladinha. No mais caros leitores, grato mais uma vez por lerem e comentarem, e uma ótima semana a todos.

 

Abraço.

 

Athos G.