Por diversas vezes me peguei em debates com amigos sobre a razão do brasileiro preocupar-se tão pouco com a sua própria história. Não costumamos dar valor ao que aprendemos na escola e muitos saem dela sem entender a verdadeira razão de tudo que deveria ser aprendido. Acredito que isso se deve a uma coisa muito comum aqui em Terra Brasilis, a maior parte da população sofre de falta de patriotismo, acho que é isso que mais nos diferencia do Tio Sam.
Somos patriotas na Copa do Mundo, no Carnaval e na batalha Irmãos Wright x Santos Dumont, nesse momento somos Brasil ao extremo.
Quando o assunto é história da aviação, costumo ter um pouco de dificuldade para achar material documentado. A maioria das passagens históricas que conhecemos muitas vezes nos é passada em conversas entre amigos no aeroclube. Por vezes pensei em como poderia fazer algo para preservar essa história e documentar fatos históricos que poucos conhecem ou se perderam no tempo.
Alguns dias atrás o Sales me passou um link de uma página do Facebook em que o criador tinha essa proposta, resgatar a história da aviação brasileira e mundial. Fiquei eufórico com aquilo e tratei de entrar em contato com ele.
O interesse em descobrir a história de um parente que protagonizou um dos maiores desastres da aviação brasileira levou o jornalista João Alberto Müller a criar um projeto de financiamento coletivo para divulgar seu trabalho e buscar recursos financeiros. A intenção é produzir livros, vídeos-documentários e um site que reúna o material com foco jornalístico.
O interesse pela aviação surgiu ainda na adolescência, quando durante a primeira viagem que fez ao Rio de Janeiro, acompanhado de seu pai, teve a oportunidade de presenciar a aterrissagem do supersônico Concorde no aeroporto do Galeão. “Ser piloto de avião foi meu primeiro sonho de profissão, mas meu pai não podia pagar o curso privado, e eu refutava a única opção grátis, que seria ingressar na Aeronáutica”, conta João Müller, que nunca deixou de acompanhar de perto notícias relativas a aviões. O gosto dele pelo setor também era alimentado pelas histórias que o pai contava sobre a Varig e um antepassado que havia sido piloto da empresa. Trata-se do comandante Edu Michel, que era primo da mãe do jornalista e foi padrinho de batismo de um de seus irmãos.
Chegada do Concorde no Aeroporto do Galeão-RJ.Segundo o que ouvia do pai, João conta que Edu chegou a ser considerado um dos principais pilotos da antiga empresa aérea gaúcha, tendo sido o responsável por buscar nos Estados Unidos o primeiro avião à jato que faria a linha Rio-Nova York. “Isto seria facilitado porque Edu se comunicava muito bem em inglês”, explica João, acrescentando que esta trajetória do comandante acabaria de forma trágica no final de 1962. Em 27 de novembro, ao se aproximar para pouso na escala em Lima, capital do Peru, o avião acabou chocando-se contra uma montanha. A explosão matou todas as 97 pessoas à bordo, constituindo-se então no maior acidente envolvendo a aviação brasileira, marca que seria superada apenas 11 anos depois, quando outro avião da Varig caiu pouco antes de pousar em Paris.
Mais do que pesquisar sobre o parente piloto, o jornalista quer ir além e contar também outras histórias da aviação brasileira. Müller entende que existe espaço para um trabalho jornalístico mais profissionalizado e compromissado com a verdade histórica dos fatos.
Para conhecer mais do projeto, acesse www.facebook.com/resgatehistoricodaaviacao.
Em uma era que vivemos olhando pro futuro, pensando sempre a frente, também é importante estarmos conectados com o passado. Um não existe sem o outro. Concorda?
Abraços e até a próxima semana!
PS.: Nosso amigo Klaus iniciará a nova temporada do +Aviação com um super evento. Trata-se do 1º Show Aéreo Virtual Brasileiro. Será no dia 1 de Fevereiro de 2014 (próximo sábado), a partir das 13h.
Renato Cobel
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