Desculpe se não sou rico | Minha Proa: 059

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Quando falamos de estereótipos da aviação, existe um que temporariamente você também acreditou: Tornar-se piloto é coisa de gente rica.

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Entretanto, contrariando isso, boa parte dos que hoje voam realizados estiveram longe da zona de conforto financeira quando se formaram. Auxiliar de limpeza, lavador de pratos, trabalhos paralelos e anos de economia são algumas das diversas histórias que já li e ouvi. Você certamente conhece uma semelhante… Mesmo que seja a sua própria. Mas como em tudo nessa vida, sempre existe aquele 1% para contrariar.

Um amigo me contou a história de sua primeira visita ao aeroclube no qual voaria. No retorno ele pegou um ônibus, e coincidentemente acabou ficando em pé próximo a um piloto, já formado e uniformizado. Após puxar assunto, ele em certo momento cita sobre a dificuldade financeira que teria na formação, talvez em busca de algum conselho de como o piloto formado havia passado desta fase.

A resposta do aeronauta surpreendeu: “Desista, se você não tem dinheiro procure outra profissão.” Ele seguiu argumentando que, durante toda a formação, investimentos serão necessários, o que é fato, mas deu a entender que a necessidade dos valores era imediata, e que aqueles que não tivessem esse valor em mãos por agora, não deveriam nem perder tempo em se planejar. Obviamente o jovem da história ignorou essa opinião, que citava apenas o lado negativo da formação aeronáutica.

Na época em que eu estava pesquisando sobre a formação, encontrei um caso semelhante. Não havia muitos sites especializados como hoje, e com isso eu acabava recorrendo a fóruns sobre o assunto.

Em um dos tópicos, um jovem perguntava quanto tempo levaria para se formar nos cursos de PP e PC. Como ele não citou detalhes, a maioria dos usuários apresentou respostas explicativas, citando que isso dependeria apenas do quanto ele poderia investir naquele espaço de tempo.

Os que tinham tudo reservado diziam ter se formado em torno de um ano. Outros que voaram com menos frequência concluíram tudo em mais de dois anos. E outro, inclusive, compartilhou a história do seu atual instrutor, que levou cinco anos para se formar e começar a trabalhar.

No mar de respostas tecnicamente corretas, apareceu uma mais radical. Um usuário respondeu que conseguiu se formar em um ano e meio, e que qualquer um que planejasse se formar em mais de dois anos deveria procurar outra área para se formar, pois iria se tornar um péssimo piloto voando com tamanha baixa frequência, na opinião dele.

É um fato que quanto mais frequentemente você voar, mais aproveitamento você terá. Entretanto, formar-se em um tempo longo não irá impossibilitar ninguém. No máximo, a pessoa precisará de horas extras de voo para resgatar seu ritmo ao retornar. Será mais caro e mais demorado, mas não impossível.

Caso se depare com opiniões radicais como essa, agradeça o conselho, vá embora, e continue a planejar sua formação – inclusive, em como adquirir o capital necessário.

Não ser rico é apenas um contratempo, e nunca impediu ninguém com dedicação.

Alexandre Sales
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