Habilitação em Multimotores: Importante ou Supérflua?

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Vivemos um momento em que a aviação executiva e comercial começam um pequeno movimento de contratação, principalmente porque ainda temos o dólar alto e o combustível barato, o que gera a saída de muitos pilotos brasileiros para o Oriente Médio e a Ásia. Partindo desse pensamento, começo a responder a essa pergunta.

Hoje a hora de voo de uma aeronave MLTE (Sêneca/Baron) gira em torno de R$ 1.100,00 – isso se o curso for feito em escola de aviação ou aeroclube, pois existe a opção de voar em uma aeronave particular com um INVA, e aí o preço da hora de voo vai diminuir bastante. Mas vamos imaginar que você tenha que pagar R$ 1.000,00 por hora de voo. E aí você pode se perguntar: devo ou não checar o PCA-MLTE/IFR?

Acredito que o MLTE é uma carteira obrigatória para quem busca uma colocação no mercado de trabalho, seja na aviação executiva ou comercial. Os únicos setores que não pedem a formação do MLTE são a instrução de voo e a aviação agrícola.

No meu ponto de vista, o curso de MLTE funciona como uma adaptação para o piloto que sempre voou uma aeronave com velocidade de cruzeiro em torno de 100kt, e passa a voar um equipamento que tem a velocidade de cruzeiro de 160kt e passo variável, que requer o ajuste do piloto durante o voo. Os treinamentos de pane de motor e voo monomotor, pouso e decolagem monomotor também são muito importantes para a operação desse novo equipamento. E aqui mora um grande perigo: muitos pilotos que tiram a carteira em escola de aviação/aeroclubes, ou em aeronaves particulares, pouco treinam esse tipo de situação. Preferem fazer longas navegações e treinar procedimentos IFR, ao invés de treinar pouso e decolagem em condição monomotor, arremetida monomotor e outras situações.

Com a atual regulamentação, não há nenhuma diferença entre checar MNTE/IFR ou MLTE/IFR. Independente de sua escolha, o piloto terá que voar 12,5 horas, onde as 5 horas iniciais serão de adaptação ao novo equipamento, e obrigatoriamente VFR, pois nessa etapa do curso MLTE serão treinados coordenação atitude potência, estol, treinamento de trem alternado, monomotor e toque e arremetida, não restando tempo para treinar procedimentos IFR. Sobram assim 7,5 horas para navegações, e nessa fase está a diferença caso opte por checar MLTE/IFR: dependendo da escola/aeroclube, você terá que fazer um voo IFR – sob capota, com duração de no mínimo 1,8 horas. Ou seja, uma navegação com duas horas de duração já será suficiente para cumprir o mínimo para checar PC-MLTE/IFR. E aqui continuo com a mesma visão de quando escrevi o post Checar PC-MNTE/IFR ou MLTE/IFR, qual o mais vantajoso?.

Recomendo sempre utilizar essa 7,5 horas de navegação para fazer 3 ou 3,5 horas de navegação IFR com procedimento NDB/VOR e ILS, usando as 4 horas restantes para, ao menos, fazer um voo de 2 horas com enfoque em toque e arremetida monomotor. Muitos pilotos têm a oportunidade de, com a carteira de MLTE, voar um avião particular em regiões como Nordeste, Centro-Oeste e Norte. Como piloto em comando e com pouca experiência no equipamento, o treinamento de voo e aproximação monomotor pode fazer toda a diferença.

De qualquer forma, você pode optar por fazer o MLTE após ter checado o PCA, sem ter nenhuma desvantagem com relação ao aprendizado.

Rodrigo Satoshi
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