A primeira vez a gente nunca esquece. A segunda é mais inesquecível ainda.
Quem acompanha nossas aventuras no Canal Piloto sabe que, no domingo aéreo da AFA em 2014, o Sales e eu vivemos uma pequena aventura. Tivemos a oportunidade de ir até o evento voando em uma aeronave de nossos queridos amigos da Looping Escola de Aviação Leve. Poder pousar no Ninho das Águias foi uma experiência que até então eu não imaginava viver, e isso me marcou muito. Passei as semanas seguintes sorrindo à toa, pois ali eu estava pisando na base do esquadrão, o que fez com que eu olhasse para o céu de maneira diferente. Minha felicidade naquele momento era tanta, que o fato de não haver a apresentação do EDA foi algo que não me fez falta.
Quando li notícias de que a Esquadrilha da Fumaça havia voltado, prometi a mim mesmo que a primeira apresentação que eu assistiria do retorno deles seria na AFA, e que carregaria comigo a minha família, para que elas pudessem sentir um pouco do que eu sentia ao assistir essas apresentações quando era um pequeno manicaca.
A viagem até Pirassununga
Pelo que havia visto em 2014 eu sabia que enfrentaria algum transito até o local. Com o retorno do EDA, eu acreditava que haveria um tráfego maior, já que a expectativa era de superar os 50 mil visitantes do ano anterior. O que eu não esperava é que esse público fosse superado por quase o dobro do número de visitantes. A estimativa foi de aproximadamente 93 MIL pessoas. Isso refletiu bastante no trânsito, já que o acesso ao local é feito por uma estrada de mão dupla, que não permite um grande fluxo de automóveis.
Programei-me para sair cedo do litoral, e às 6h do domingo eu estava na estrada, acompanhando o nascer do sol na proa da AFA. Chegamos em Pirassununga as 9h30. Já havia um trânsito considerável na cidade, e a primeira entrada para a Academia já estava fechada devido ao grande número de veículos. Mas isso era um pequeno detalhe perto da minha vontade de assistir ao show.
A partir daí foi só espera, chegamos na AFA as 15h30. Sim, 5h30 de congestionamento para percorrer os 10km finais da viagem. Os outros 280km da viagem foram percorridos em 3h de percurso. O fato de ter viajado de tão longe foi o que me fez não dar meia volta e pegar a estrada novamente para casa.
O Show
Chegamos praticamente no início da apresentação, e esse era o motivo principal de eu estar ali. Mais do que assistir o retorno da Esquadrilha da Fumaça, eu queria mostrar a minha filha o motivo pelo qual eu gosto tanto de aviação. Quando eu tinha a idade dela, meu pai me levava para assistir as demonstrações dos T-27 vermelho e branco, e aquilo me fascinava. Esse domingo seria a minha vez de iniciar um novo ciclo, tentar contaminá-la com o aerocócos da mesma maneira que eu fui. Acho que deu certo.
Vi os olhos dela brilharem assim como os meus brilharam há mais de 20 anos, ao ver aquelas manobras fantásticas, executadas com maestria pelos nossos melhores pilotos. Naquele momento minha emoção foi indescritível, e eu pude me reencontrar com o pequeno garoto que passou a sonhar em ser piloto. Aqueles poucos minutos da apresentação e o fascínio da pequena fizeram valer toda a espera e cansaço que vieram de ter feito uma viagem tão demorada.
Finalizando o evento, a Banda da Força Aérea executou lindamente nosso Hino Nacional. Cantei com orgulho.