Nas eleições da aviação, você votaria no B787, no A350 ou no B777? Direita e esquerda livres. Vamos a um resumo dessa história.
787, A350 e 777 são incomparáveis diretamente. Disputam algum mercado apenas em seus extremos, mas basicamente, o 787 voa longe e com conforto, mas tem menor capacidade. O A350 voa um pouco menos longe e com um pouco mais de conforto e capacidade. E o 777 ligeiramente menos conforto que o A350, mas com mais capacidade e alcance. Resumidamente é isso.
Em consumo, ninguém chega perto do 787, ele é 20% mais econômico que um A330 (que tem a mesma capacidade mas voa mais lento e menos longe), mas como a capacidade é menor, ele serve para abrir novas rotas, novas frequências, ou servir destinos secundários. Foi pra isso que foi projetado e é isso que faz impecavelmente. Até 250 toneladas de MTOW, não tem pra ninguém. O 787 reina sozinho, não à toa é o widebody que vendeu mais em menos tempo na história (em uma década, o 787 vendeu quase o mesmo que o A330 em 3).
Ainda na Boeing, o 777 é o melhor produto que a Boeing já fez. Em especial o -300ER, mais o alcance do -200LR, somado à versatilidade do 777F (dos 3 que estamos falando, só ele é cargueiro). Foi o avião que tornou o A340 (e por tabela, o B747) inviável comercialmente. (O A380 já nasceu inviável, é outra história).
A Airbus precisava fazer alguma coisa, afinal havia perdido muito tempo e dinheiro no A380, um avião atrás do seu tempo (muito confortável, mas pouco eficiente, num mundo em que as pessoas querem mais horários e mais voos diretos, só funciona em uma gama muito reduzida de rotas e horários de alta densidade), seus wide ou estavam liquidados (A340) ou ultrapassados (A330), mas não tinha nem recurso nem tempo para criar algo superior ao 777.
Criar um avião equivalente seria besteira (a disputa DC-10 vs Tristar L1011 matou suas fabricantes), então a Airbus tomou uma decisão muito acertada (finalmente!) e lançou o A350. Inovador frente ao 777, mas conservador quando comparado ao 787. De qualquer forma, o grande acerto da Airbus foi colocar seu produto exatamente entre os dois birreatores da Boeing. O A350 é maior que um 787, mas menor que um 777. Voa menos longe que ambos, mas leva mais peso que um 787 porém menos que um 777. Esse mês a Airbus entregou o primeiro A350-900ULR, que vai, grosso modo, ter a capacidade de um B787-10 e o alcance de um Boeing 787-9 – mas certamente, consumo maior que ambos.
O 777 bebe muito? Bebe. Mas decola sem restrição de peso numa rota de 16 horas, coisa que nenhum Airbus (ou 787) consegue. O 77X é, em termos de inovação, o “A350” da Boeing. Veio atualizar os limites do voo birreator. Vai fazer pouco a mais do que o 777 já faz. Mas como o 777 se aproxima dos seus 30 anos de serviço sem ser ameaçado por nenhum outro avião, ele não precisa mesmo de muito. Com o consumo significativamente menor que os novos motores e asas prometem, continuará reinando absoluto por décadas.
Com esse debate exposto, quem é seu candidato?