Falling Leaf: Voando como uma folha de outono

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Durante a primeira metade do treinamento de piloto privado, as manobras de perdas estão entre as mais temidas pelos alunos iniciantes. Basicamente, as perdas consistem em reduzir a potência do motor, parcial ou totalmente, e elevar o nariz até que se chegue à iminência de perder sustentação. Feito isso, a aeronave cede o nariz rapidamente, por conta própria, colocando o piloto sob forças G nulas ou mesmo negativas, o que pode causar algum desconforto para quem experimenta a sensação pelas primeiras vezes. Some-se a isso um risco controlado da aeronave entrar em parafuso, e teremos o motivo dos receios de muitos alunos pilotos.

Apesar do desconforto, há muito pouco ou mesmo nada a temer nessas situações. O ceder repentino do nariz da aeronave mostra uma das engenhosidades da engenharia aeronáutica: sua aeronave é balanceada para agir exatamente dessa forma, a fim de ganhar velocidade e recuperar sustentação numa eventual perda de potência. O avião é projetado para manter-se em voo, dando origem aos populares dizeres de que “o avião quer voar”. Por isso, diferente do que um aluno piloto possa pensar, uma aeronave estolada não está caindo como uma pedra: ela está, simplesmente, voando com baixa sustentação, enquanto a recupera para voltar ao voo nivelado.

Para construir a confiança dos pilotos quanto a esses conceitos, o treinamento da FAA sugere uma manobra que também pode ser treinada no Brasil: o “Falling Leaf”.


O que é o Falling Leaf

Como o nome sugere, durante o Falling Leaf, a aeronave efetua um voo descendente em movimento pendular, tal como uma folha de outono caindo de seu galho. A manobra também pode ser vista como uma sucessão de perdas. Para executá-la, ao invés de levar o manche a frente no momento do stall, o piloto mantém a pressão para trás nos comandos. A aeronave cede o nariz, volta a levantá-lo assim que recupera velocidade, e reinicia o ciclo de perdas e recuperações. O voo descendente passa a ser ondulado, tal como em um tobogã.

Se observarmos o climb durante a manobra, veremos que uma aeronave de instrução efetua um “Falling Leaf” descendo à razão aproximada de 500 ft/min, algo muito similar ao que já é praticado durante o voo descendente.


Cuidados ao executar o Falling Leaf

A mais importante recomendação quanto a esta manobra é: NUNCA tente executá-la em voo solo! Por questões de segurança, esteja sempre acompanhado de seu instrutor, e efetue a manobra somente mediante sua autorização. É importante observar a altura mínima de segurança: o Falling Leaf deve ser encerrado quando o voo descendente atinge a altura mínima de 1.500 pés.

Também é importante estar atento aos pedais durante o Falling Leaf, motivo pelo qual a manobra também é excelente para desenvolver o seu “pé-e-mão”. Com a aeronave na iminência do stall, é natural que alguma asa queira ceder mais do que a outra. Para isso, o nivelamento das asas deve sempre ser corrigido com o uso dos pedais, tal como ocorreria durante uma recuperação de parafuso.


Em resumo, o Falling Leaf requer uma série de precauções para ser praticado. Porém, quando feito com segurança, torna-se uma valiosa ferramenta na construção da confiança e da habilidade de recuperação de voo dos pilotos.

[youtube https://www.youtube.com/watch?v=HRy-HTSsK4Y]

Luiz Cláudio Ribeirinho
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