Relegada hoje a uma lembrança quase longínqua – presente apenas em filmes, livros de história e jogos clássicos de videogame – a União Soviética foi uma das maiores potências do mundo contemporâneo. Tratava-se de um enorme conglomerado de países socialistas, localizados no norte da Europa e da Ásia, liderados pela Rússia e por sua capital, Moscou. A URSS (União das Repúblicas Socialistas Soviéticas), como também era conhecida, protagonizou longos embates políticos com o ocidente e seu maior representante, os Estados Unidos. Talvez o mais emblemático desses embates tenha sido a “Guerra Fria”, uma corrida armamentista onde Russos e Americanos buscavam a superioridade militar uns sobre os outros, em virtude das tensões políticas entre ambos. Refletida inclusive na aviação, a rivalidade serviu de mote para filmes como o clássico “Top Gun”, onde aeronaves F-14 americanas buscavam sobressair-se aos temidos MIGs da União Soviética.
Como se pode imaginar, os soviéticos tiveram uma grande dificuldade geográfica a enfrentar em nome de sua prosperidade: o frio inóspito de sua latitude elevada, próxima ao círculo polar ártico. A exploração de regiões como a Sibéria teve papel fundamental no desenvolvimento de toda a União, e contou com a colaboração de aviadores como Mark Shevelev, chefe da Glavsevmorput (Diretoria das Rotas Marítimas do Norte, em tradução livre). Shevelev liderou os transportes aéreos da “Polo Norte 1”, a primeira expedição soviética para a Sibéria, com fins de pesquisa. A iniciativa rendeu-lhe o título de herói nacional da Rússia, além do conhecimento necessário para fundar a primeira companhia aérea de aviação polar da história.
A Aviaarktika foi fundada em 1 de Setembro de 1930, operando com hidroaviões Junkers F-13 e Dornier Wal. Sediada em Krasnoyarsk e posteriormente em Moscou, a companhia servia as rotas marítimas traçadas pela Glavsevmorput ao longo dos gélidos mares do norte. Três anos após a sua fundação, a Aviaarktika já contava com 42 aeronaves em sua frota, incluindo os russos Tupolev, modelos ANT-4 e ANT-6.
A companhia operou durante 30 anos, apesar de todas as dificuldades encontradas em operar nas regiões árticas, algo pouco explorado até então. Muitas aeronaves foram perdidas em acidentes, porém ainda há exemplares de sua frota em exibição nos dias atuais, como o Tupolev ANT-4 de prefixo CCCP-H317, presente atualmente no Museu da Aviação de Ulyanovsk. Em 3 de Janeiro de 1960, a Aviaarktika foi por fim absorvida pela Aeroflot, a companhia de bandeira da Rússia até os dias atuais.
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