É sempre gratificante ver como um empreendedor não apenas dá início ao negócio, mas também se compromete até mesmo com os mínimos detalhes.
Em mais uma semana auxiliando parceiros na gravação de material em vídeo, fui visitar a Bravio Simuladores, no Campo de Marte. O local reúne simuladores de helicópteros e aviões, muitos sendo AATD para treinamento homologado. Mesmo assim, também são livres para entusiastas e sessões de entretenimento.
No período entre as gravações, tive a oportunidade de conversar com o Coronel Otacílio, a mente por trás de toda essa organização. Após alguns minutos de conversa sobre os simuladores que já estavam largamente em uso, ele comentou sobre seu mais recente projeto, o “SkyKnight”, que apesar de já ter sido fabricado e distribuído em unidades encomendadas, ainda seguia em desenvolvimento e aperfeiçoamento. Trata-se de um simulador compacto, desenvolvido especialmente para uso doméstico ou eventos, sendo projetado inclusive em dimensões para passar por portas sem ser desmontado.
Segui com ele até os bastidores da empresa, onde as partes do projeto eram desenvolvidas e montadas. Durante os passos entre as peças e protótipos, ele aponta para um dos servos utilizados no cíclico, mostrando que aquela havia sido uma das primeiras versões, mas que após os primeiros testes, havia sido reprovada por não passar o mesmo realismo de um helicóptero durante o manuseio. Aquela primeira versão funcionava, mas não era a ideal para um experiente piloto de helicóptero como ele.
Para reforçar esse tema, ele aponta para a carenagem de uma das portas dos protótipos, como mais um exemplo do que foi melhorado. Eu olhei para a porta do simulador, e honestamente não vi nada de defeituoso em um primeiro momento. Não apenas era bem acabada, mas também tinha um design interessante. Para explicar seu ponto, o Coronel abriu a porta e a fechou novamente, mostrando como ela balançava nesse simples movimento – não em relação às suas dobradiças, mas sim em relação à porta como um todo, como se ela fosse fina demais.
– “Eu falei para o rapaz para o qual eu encomendei fazer uma porta mais grossa e firme. Essa estava bonita, mas a qualidade ainda precisava melhorar. Eu não venderia algo que eu mesmo não compraria”, disse ele.
Sem palavras, concordei apenas balançando a cabeça, enquanto minha admiração pelo seu profissionalismo subia um nível.
Através dos noticiários, e da nossa própria experiência pessoal com prestadores de serviço, sabemos que a política do Otacílio infelizmente nem sempre é a utilizada pelos demais empresários, que por vezes acabam priorizando o lucro antes da qualidade e do bom atendimento. Justamente por isso, é tão admirável ver uma atitude como essa.
Assim como essa situação, presenciei outras semelhantes nas demais empresas que visitei nos últimos tempos, dentre escolas e prestadores de serviço, todos na área da aviação. Com isso, fico feliz em saber que, sob o comando das pessoas certas, a aviação como um todo tende a evoluir, começando com simples ações como o controle de qualidade para deixar seu cliente satisfeito.
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