Pilotando pela primeira vez | Minha Proa: 063

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Neste ano fui novamente dar instrução no simulador do X-Plane na Brasil Game Show. A experiência sempre rende bons momentos.

O papel da dupla de instrutores era simples: ensinar o público a decolar o Cessna 172 da pista 09R de Guarulhos, subir a 1.000ft AGL, realizar um 180º, e pousar na 27L em segurança. Com esse procedimento adaptado, cada voo durava cerva de 10 minutos, fazendo com que a fila fluísse.

Antes de iniciarmos, o primeiro minuto era um rápido briefing sobre como a aeronave funcionava. Explicávamos a função dos pedais, manche e manetes, e como a aeronave se comportaria perante o torque, Fator P, e pré-stall durante a simulação.

Assim que a aeronave começava a sair da centerline durante a corrida para decolagem, 95% das pessoas tentavam corrigir o eixo com o manche, assim como muitos também tentam no taxi da primeira aula de voo real (eu só não cometi o mesmo erro pois até hoje não tenho carteira de motorista). Parte delas se lembrava de usar os pedais em seguida, mas outras só o faziam apos serem alertadas por nós, quando já seguiam para a grama do canteiro da pista.

“Agora comece a puxar o manche, bem devagar, aos poucos” – Essa era a instrução na hora de rodar a aeronave. Apesar de simples, parte das pessoas acabavam colocando um ângulo de ataque digno de um foguete na decolagem, pois mesmo puxando o manche aos poucos, elas continuavam fazendo isso até verem apenas o céu à sua frente. Um pequeno auxílio, para evitar o stall sobre a pista, volta e meia era necessário.

O próximo desafio é a compreensão de como a aeronave funciona em voo, descobrindo a relação entre a atitude e a velocidade horizontal e vertical.

Para realizarmos o 180º e retornarmos para a pista, solicitávamos uma curva de 15º, com Climb em 0 ou -500. Era interessante ver como algumas pessoas pegavam o raciocínio de primeira, puxando o manche conforme a angulação da asa aumentava, enquanto outras acabavam brigando com a aeronave até a curva ser concluída.

Com a pista em frente, o momento mais aguardado pela platéia de pessoas da fila e curiosos era o desafio do alinhamento e pouso.

Procurávamos instruir curvas de pequena inclinação, correções suaves, e fazer com que a pessoa se alinhasse com o eixo imaginário da pista.

Na hora da emoção, parte delas acabava transformando a aproximação em um show aéreo para os que estavam assistindo. Uma nova intervenção acabava sendo necessária para que o voo não acabasse repentinamente.

Em contraste a esses, sempre havia aqueles que faziam pousos tão perfeitos, que nos faziam duvidar da resposta dada no início da simulação: “- Minha experiência na aviação? Zero”. – Uhum, sei…

Os dons e dificuldades das pessoas que passaram pelo simulador é o que tornou essa experiência interessante. Em alguns momentos ficávamos surpresos com o que acontecia, e em outros nos víamos espelhados naqueles que voavam pela primeira vez.

E ano que vem tem mais!

Alexandre Sales
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