Como sabemos, a aviação é um mercado de trabalho onde o famoso QI (Quem Indica) é algo utilizado em vários setores. Entretanto, uma indicação é apenas uma… Indicação. Não aposte todas suas fichas apenas nesta jogada.
Quando se trata do tema “Indicação na Aviação”, nós temos algumas vertentes comuns a abordar, mas que acabam convergindo na mesma causa: a má interpretação – seja por ingenuidade ou simples falta de explicação.
Imaginemos uma situação: Um aluno está iniciando seu curso prático de Piloto Privado, e após frequentar o aeroporto com certa frequência para suas aulas, ele logo faz amizade com um de seus instrutores. Este, após informar que estará em breve livrando a escola de aviação para ingressar em um táxi aéreo, solta a famosa frase:
– Quando você checar, eu te arranjo um esquema.
O que na aviação quer dizer que quando este aluno estiver formado, o então instrutor poderá ajudá-lo a passar pela seleção através de uma indicação pessoal interna.
Infelizmente muitas dessas indicações acabam não acontecendo, por diversos motivos. Dentre eles, existem alguns especiais que poderemos abordar.
O primeiro ponto é que existem alunos que correm para fazer sua formação básica de PC-MNTE-IFR, inclusive investindo o que não podem nisto, por acreditarem que uma vez formados terão o primeiro cargo garantido, e consequentemente poderão quitar os financiamentos que fizeram para pagar seu treinamento prático. Ou seja, eles realmente contam com aquela oportunidade, e acabam se dando realmente mal quando encaram a dura realidade.
Apesar da promessa de indicação, o seu amigo de dentro da empresa não pode fazer milagres. Se a empresa de táxi aéreo em questão exige que os novos co-pilotos tenham MLTE, ou ICAO 4, e um mínimo de 300 horas de voo totais para se candidatar, seu amigo estará de mãos atadas nessa hora.
Utilizando esta situação como base, temos a culpa do mal entendido dos dois lados da história, dependendo apenas dos detalhes. Se o táxi aéreo em questão opera apenas bimotores, e é baseado em um estado de fronteira do país, é quase intuitivo o fato de que eles provavelmente iriam requerer o curso MLTE e o ICAO 4. Por outro lado, se a empresa não possui essas características mais óbvias, seu amigo poderia ter informado os outros requisitos que não estão tão aparentes, como o das horas mínimas de experiência.
O aluno poderia ter tomado a iniciativa e perguntado tudo desde o início? Sim, poderia. O instrutor, que ao se candidatar na empresa estava ciente dos requerimentos, poderia tê-los citado ao aluno desde o início? Sim, também. É justamente o fator “Quando chegar a hora eu ACHO que vai dar certo” que acaba com tudo.
Dentre outros fatores, seu contato pode sair da empresa, a companhia pode parar de contratar, seu contato pode simplesmente esquecer de você com os anos, ou as exigências – até de escala, da empresa – podem não ser compatíveis com sua rotina pessoal.
Portanto, informe-se, comunique-se e tenha sempre um Plano B, pois a indicação é uma indicação, e não uma garantia.
Abraços,
Sales
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