Uma pequena realização pessoal | Minha Proa: 37

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Tão grande quanto a tristeza em ouvir de alguém que você não conseguirá realizar seus objetivos, é a alegria de mostrar para eles que estão errados.

Em 2006 eu tinha 14 anos e estava no ensino fundamental no SESI de Cubatão, onde estudei da 1ª à 8ª série. Da 1ª à 4ª série nós ficávamos no período da manhã, com apenas um professor por sala. Foram anos com ensino excelente e professores super atenciosos. Quando fui aprovado para a 5ª série, fomos obrigados a passar para o período da tarde, onde as turmas ficavam até a 8ª série. Tudo mudou… para pior.

A impressão dos recém chegados era de que a tarde era uma terra sem lei. Um aluno quase perdeu a visão de um olho; outro foi empurrado das escadas; um foi atropelado pela coordenadora na saída; alguns alunos chutavam bolas propositalmente contra a cabeça de outros. E o roubo do celular da própria diretora foi o auge desses anos dourados.

Todo esse ambiente existia porque parte dos professores não tinha o controle da sala, ou simplesmente fugia dessa responsabilidade. Roubo de material? Corretivo branco na cadeira? Brigas na sala? Borrachada nos olhos de alunos? “Ah, coisa de criança, deixa pra lá” – Diziam alguns deles.

Esse cenário ficava sob o comando da diretora, (ir)responsável por tudo, que apesar de alertada pelos alunos, ignorava solenemente qualquer “relato exagerado”, assim como suas coordenadoras. Com uma direção com essa mentalidade, o que esperar da escola?

É claro que fiz ótimos amigos, e tive a felicidade de encontrar alguns poucos professores que tinham prazer em ensinar, mas infelizmente eram exceções. Passei quatro anos nesse paraíso, onde 60% das experiências eram negativas, mas sobrevivi.

Em mais um belo dia ensolarado, estávamos ao ar livre na quadra de vôlei. Eu estava com uma turma de amigos, e outra de alunos baderneiros, sentados no chão encostados em uma grade, assistindo ao time da vez jogar. Fatidicamente o assunto Aviação surgiu, e fez com que um dos indesejáveis dissesse algo marcante:

– Aff, desiste cara, tu não vai conseguir virar piloto!

Ainda sem expressar nada, apontei para a altíssima torre da escola, com o nome da instituição em seu topo, e disse:

– Tá vendo ali a torre da escola? Um dia eu ainda vou passar voando ali por cima.

– Afffe! – Acompanhando de uma feição de desaprovação, foi a tréplica do indivíduo.

Anos depois, estava eu checado como Piloto Privado, e planejando mais uma navegação do curso de Piloto Comercial. Qual não foi minha surpresa ao ver que, para sair da REA Kilo e ingressar na REA Foxtrot da TMA-SP, eu passaria voando exatamente por cima da tal torre da escola?

No dia 21/08/2013 às 13:50, pilotando o PR-EJW com a companhia do INVA Bruno PQD, lá estava eu, sorrindo como um bobo alegre.

Todas as pessoas que falaram que eu não conseguiria me tornar piloto de avião fazem parte da minha trajetória. Mas hoje, posso literalmente passar por cima de todas elas.

Abraços,

Sales

Alexandre Sales
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