O mundo profissional possui seus contrastes. De um lado temos os grandes empresários, os ícones do sucesso, mas que sofrem com o stress de suas rotinas. Do outro lado, temos os simples trabalhadores braçais, que apesar das dificuldades da profissão, conseguem ser felizes naquilo que fazem. Nos aeroportos, o contraste não é diferente.
Graças ao nosso trabalho através do Canal Piloto, acabamos fazendo amigos em diversas linhas aéreas de nosso país, dentre pilotos e comissários. Quanto a essas carreiras, nós sabemos que os novos profissionais, que vêm a ingressar na aviação de linha aérea como aeronautas, possuem histórias distintas.
Existem aqueles que tinham esse sonho desde criança, e os que descobriram esse interesse mais recentemente. Há os que pesquisaram muito antes de iniciar sua formação, e os que foram aprendendo na prática. E claro, parte deles teve de trabalhar muito para conseguir o capital necessário, enquanto outros tiveram a oportunidade de contar com o apoio financeiro dos pais.
Devido a essas diferenças, os níveis de realização desses novos profissionais acabam sendo igualmente contrastantes.
Por parte de nossos amigos comandantes e comissários de longa data, é comum ouvir que alguns dos novos colegas têm o hábito de reclamar de fatores de suas rotinas aparentemente sem importância, como a qualidade do uniforme, o nível do hotel, o tempo de espera para decolagem, e como não conseguiram fazer o que queriam em sua última folga, o que acaba trazendo um ar negativo ao ambiente.
Em uma das últimas conversas que tive sobre esse assunto, um comandante narrou uma cena que detalha bem essa situação:
– A gente estava taxiando para o ponto de espera, e o rapaz (primeiro oficial) lá, reclamando da vida, da rotina e tudo mais. Aí eu olho pra janela do meu lado, e lá no canteiro da taxiway estava o rapaz que corta a grama, fazendo o trabalho dele, em um calor de 30ºC e sorrindo, dando tchau pra gente e tudo mais. Enquanto isso o colega do meu lado, no ar condicionado, em um emprego que muita gente quer, e lá reclamando da vida…
Em uma outra situação, após um comissário narrar uma história semelhante, ele citou o conselho que deu naquela situação, e que é um tanto quanto lógico: se você está insatisfeito, reclame sim, mas no lugar certo.
Se alguém tiver problemas com uma costura do uniforme, um contato com a empresa irá resolver. Caso o quarto do hotel esteja sofrendo com o barulho da rua, uma mudança para um andar mais alto acabará com o problema. E se você está sofrendo com o tempo longe de casa, a solicitação de uma escala dirigida poderá amenizar a situação.
Assim, como já citamos anteriormente, tudo depende de um ponto de vista. Qualquer profissão tem seus pontos positivos e negativos, cabe a você decidir quais irá exaltar.
Portanto, pesquise bem sobre a profissão na qual irá ingressar. Mas se já está no mercado de trabalho, solucione os problemas que puder, e procure tirar o foco daqueles que sobrarem. Afinal, se o jardineiro do aeroporto consegue ser a felicidade em pessoa, vale a pena ao menos tentar.
Abraços,
Sales
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