Viagem aos 60 anos do EDA

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 Oscar Lima Alfa caros leitores.

Hoje venho relatar a boa experiência que vivi na viagem para o show aéreo de aniversário dos 60 anos da Fumaça, mas antes peço desculpas por atrasar novamente o texto. Para os que não sabem, agora eu trabalho para o Canal Piloto, e estive envolvido na reformulação do layout da nossa página, bem como “pegando a manha” do negócio. Posso dizer que este mercado de entretenimento na web é exigente hehe. O texto de hoje não vai ser só um review do evento, mas também um feedback sobre a viagem que fiz.

Chega de papo furado e vamos ao que interessa. Desde que o evento foi anunciado, bateu aquela vontade de ir ao show aéreo, no mesmo grau da vontade do Santos Dumont em voar. Porém as condições não eram favoráveis, e tudo indicava que não seria possível marca presença. A vontade aumentou quando cogitaram a participação dos Blue Angels, mas ao invés disso, confirmaram a presença da Royal Canadian Air Force (CF-18 Hornet) e dois Boeing’s F-18F (Super Hornet biposto). A chance de ver os F-18 ao vivo e a cores estava disponível, mas procurei me conformar e deixar para outra oportunidade.

Na semana em que antecedia o evento, nosso amigo Gabriel Toledano criou um post no Canal Piloto, organizando um possível encontro. Neste mesmo dia, perguntei a ele algumas coisas sobre o alojamento e custos, e vi que era possível comparecer ao show aéreo. E foi nessa correria de uma semana que eu reservei vaga no hotel, comprei as passagens de ônibus, e arrumei minha mochila (nada de malas), pronto pro que der e vier. O evento aconteceria nos dias 12 e 13 (sábado e domingo) com previsão de início às 9h, eu embarcaria às 21h na sexta, chegaria às 7h50m do sábado em Pirassununga. A volta estava programada para as 20h do dia 13.

A aventura já começou com o meu atraso para o embarque, o trânsito de Brasília estava rápido, até que no final da Asa – sul, já próximo à rodoviária congestionou tudo, parecido à agilidade da ANAC. Ali vi a grande chance de toda aquela expectativa voltar para o hangar. Porém a boa motorista que estava comigo, fez um plano AFIL de última hora e pegou um atalho que eu nunca vi (moro aqui em Brasília há sete anos, e nem fazia ideia de tal caminho, enfim). Fiz o embarque carregando apenas uma mochila de costa, e uma de mão, e para a ironia da situação, o ônibus atrasou cerca de vinte e cinco minutos. Após esse pico de adrenalina, a minha pupila tratou de voltar ao normal, e a partir de então, minha missão era de escutar música e tentar dormi, pois não teria tempo para descanso no dia seguinte.

No dia seguinte, acordei (de mais um cochilo, aliás, eu acordava frequentemente, por motivos básicos como, por exemplo, crianças chorando ou malas caindo do apoio superior de bagagens. Apenas às 5h consegui ter um sono contínuo) precisamente às 7h33m, a temperatura ambiente estava demasiadamente agradável para um bom sono, e rapidamente olhei para fora. Estava chovendo, céu totalmente coberto, nenhum sinal de céu azul, mas ainda íamos fazer uma parada em Ribeirão Preto, afinal, a previsão para o dia em Pirassununga era de céu azul, então tornei a dormi. Mas que ingenuidade minha, esqueci que São Pedro adora trollar os voos do pessoal, não era porque era o show da Fumaça que naquele dia seria diferente. Na verdade, já estávamos em solo Pirassununguense, e aquele tempo inconveniente seria o principal personagem do dia. Pra piorar, a rodoviária de Pirassununga estava em reforma, então desembarquei em um posto próximo a cidade, mas ainda na rodovia estadual.

Já em Pirassununga, não havia ali nenhum transporte público que passasse próximo a academia (será que sou tão bobo assim, cidade pequena fazendo linha de transporte público para uma academia militar totalmente fora da cidade?) e o jeito foi apelar para um táxi. Antes disso, entrei em contato com o Gabriel Toledano, eu não poderia arriscar sair do ponto do ônibus, sem ter a certeza que ele estaria no evento, pois era ele que sabia a localização do hotel, e era com ele e mais um amigo, que eu teria o meu traslado do hotel para o evento (aliás, quero agradecer aqui a ele e ao Pedro, por todo apoio durante os dias do evento). Após a confirmação dele no evento, poucos minutos depois chegou um táxi no posto, o abordei e perguntei se era possível me levar até a academia. Após uma resposta positiva (o taxista fez um teatrinho, provavelmente pra cobrar mais caro) entrei em um Santana 2.0 sem taxímetro, e seguimos para o local.

Após a chegada ao local e um assalto do taxista de 40 mangos, foi à vez de encarar a chuva. Fui coordenando com o Gabriel Toledano a sua posição, enquanto as poças d’água tomavam o meu tênis, mas apesar daquele tempo feio, o público chegando era grande. Nesse curto período decolou um EMB-195 presidencial, e notei que a pista estava logo ao lado. Eu estava desorientado no momento, até então tinha observado pouca coisa, além da chuva, estava preocupado em saber onde pegaria o ônibus na volta, pois como reportado anteriormente, a rodoviária estava em reforma, por sorte gravei o nome do posto. Mas após a linda decolagem do EMB-195, lembrei para o que eu tinha vindo, avistei os estabilizadores horizontais dos F-18 e aquele sentimento de preocupação foi embora, aliás, o que poderia acontecer se eu perdesse o ônibus? Eu estava familiarizado com ambiente militar, pois sou filho de militar, estudei em colégio militar, estava de posse da identidade militar, logo, eu estava em casa! Os hotéis de trânsito da FAB estavam logo ali pertinho, para me acolher, então, enjoy the moment!

Certamente não poderia aproveitar o momento sem encontrar os nobres colegas, e aquela roupa molhada começava a causar frio e agonia. Pouco depois cheguei ao pátio do evento, e estavam ali, as estrelas do show aéreo, os F-18. Fascinado com o avião (um pouco inferior aos nossos caças F-5E Tiger II), encontrei o Gabriel e o até então desconhecido Pedro. De baixo de chuva, seguimos para um hangar a qual tinha um Phenon-300 em exposição, e ali conversamos e se conhecemos. Até que decidimos seguir para o hotel, trocar as roupas molhadas e esperar o tempo melhorar. Foi o que fizemos.

Com o encontro frustrado, chegamos ao hotel (que se localizava cerca de 60 km do local) e pudemos dar uma relaxada. Tomei um banho quente e pus roupas secas. Porém os meus tênis estavam encharcados (não tinha um segundo par, a alternativa era meus chinelos Dupé), e minha jaqueta de frio também. Pouco tempo depois, via facebook recebemos informações que o tempo na academia estava melhorando, e que um F-18 já tinha decolado. Para a nossa alegria, se arrumamos, almoçamos e aproamos rumo a Academia da Força Aérea.

Já falei anteriormente que eu estava praticamente em casa, e agora isso refletia minhas vestimentas. Literalmente eu estava bem à vontade, de chinelos e camiseta bem despojada. Tentei encontrar alguém com roupas parecidas, e só vi gente bem arrumada. Enfim, não importava, todos eram bem vindos a minha casa daquele jeito mesmo. Já havia parado de chover, porém o céu estava nublado e soprava um vento frio. Nosso colega Pedro emprestou pra mim seu casacão jeans, e ai fechou o pacote; eu era um gangster bem à vontade em casa. Mas deixando essa vaidade de lado, finalmente pude prestar atenção na estrutura do evento.

Apesar do congestionamento, havia espaço para estacionamento e soldados flanelinhas no local. No hangar do Phenom-300, tinha um estande do EDA junto ao do estande dos Halcones, havia uma sessão para apresentação virtual da esquadrilha, e alguns aviões históricos. No hangar seguinte, era o local da comilança, e o terceiro hangar, era o local destinado para as vendas de produtos aeronáuticos (agente cogitou a ideia de levar alguns Super Tucanos pra casa, mas não tinha unidades suficientes para a venda, então desistimos). No pátio, o F-18F Hornet era a atração principal para os visitantes, estava bem no meio do pátio, então era possível admira-lo de perto em todos os ângulos. Havia também outra aeronave de carga americana, e logo à frente, o pátio com os CF-18 da Royal Canadian Air Force. No local de hangaragem dos T-27 da AFA, estavam todas as aeronaves do show aéreo. No geral, as aeronaves estavam bem próximas do pessoal. Destaque para o belo público feminino que marcou presença no sábado, no domingo senti falta delas.

Estávamos ali, mas a nossa atenção total era para os F-18. Fomos para uma localização próxima à cabeceira ativa, e foi uma ótima escolha. Após muito tempo, ouvimos a APU do F-18F, e sentimos o “cheiro da superioridade aérea” (By Pedro). Nessa hora não tínhamos atenção para o frio, chuva ou mesmo a câmera, a estrela já estava na passarela, e o momento era todo dele. Após o táxi para a cabeceira 02, era hora de ver essa criança em ação. Não demorou muito tempo, para que todos nós arrepiássemos com o soar dos dois motores General Electric F404 ganhando potência. Ele vinha correndo na pista, quando de repente ganhou um pitch acima da casa dos 45º. Aquela máquina junto aos ruídos dos motores tornou aquele momento único, já fez valer o transtorno da chuva.

Confira mais fotos do evento:

Cada apresentação durava cerca de dez minutos, antes que uma aeronave ou esquadrão pousassem os outros já seguiam para o ponto de espera, tornando o evento bastante dinâmico. Neste tempo encontramos o Alexandre Sales e sua turma de amigo do Aeroclube de São Paulo. Após uma tarde quase frustrada pela chuva, voltamos para o hotel, prontos para o segundo dia.

A friagem foi tanta, que fiquei resfriado durante uma semana. Naquela mesma noite, o que mais sofreu avaria (febre) foi o Toledano, mas não afetou a nossa ida para o evento no dia seguinte. No domingo, o tempo estava seco, porém nublado. Vimos novamente os F-18, e uma apresentação do EDA, e por motivos de trabalho, resolvemos voltar para nossas casas. Ouvi dizer que neste dia, o céu abriu e a Fumaça fez uma ótima apresentação. No mais, à volta pra casa só foi desconfortável por ficar com os pés gelados (passei os dois dias usando os chinelos, já que o tênis ficou encharcado), mas cheguei em casa com uma satisfação muito grande.

Para o próximo show aéreo, fica a experiência de se fazer um planejamento maior, além de levar umas cadeiras ou até mesmo uma barraca. Agradeço mais uma vez ao Gabriel e ao Pedro, pela companhia e hospitalidade. Até a próxima.

Athos Gabriel.

Alexandre Sales
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