Afinal, compramos realmente o melhor?

Recentemente nosso país, com o incentivo de nossos impostos, adquiriu 36 aeronaves suecas Gripen, após anos de discussão e estudos pelo ministério da defesa. Segundo o ministro da defesa, Celso Amorim, a decisão “foi objeto de estudos e ponderações muito cuidadosas”, e de fato isso se faz verdade. A FAB colocou suas melhores cabeças para pensar na melhor alternativa para a compra bilionária. Outras três empresas – a norte-americana Boeing, a francesa Dassault e a Russa Sukhoi – disputavam com a Saab, fabricante do Gripen, o fornecimento dos caças ao Brasil.

Nesta semana quero discutir essa compra feita pelo Brasil, para compor a defesa aérea dos nossos céus. É fato que as chances do Brasil entrar em guerra hoje ou amanhã se equiparam às da Anac finalizar o processo da sua carteira em 24h, mas aí entra um ponto importante: todo país necessita ter um poder dissuasivo. Hoje a guerra é diplomática e por influência, mas ter uma força pronta e capaz de defender o que é nosso é uma necessidade. Para isso precisamos de ferramentas, e essas ferramentas não podem ser adquiridas de graça ou conseguidas sem algum custo – custo esse, por sinal, pago por nós, brasileiros. Então cabe ao nosso governo decidir, da melhor forma possível, quais ferramentas utilizar. Resumindo, esse é o processo que todo ministério de defesa de um país, seja ele qual for, precisa enfrentar.

Tivemos outras opções como o francês Rafale e americano F-18, mas então por que escolher o Gripen? É isso que ao longo da semana vamos tentar entender. A cada dia, vamos fazer um comparativo do Gripen com os outros modelos, e modestamente, avaliar real e pessoalmente se você e eu teríamos feito a mesma escolha.

Sem dúvida, dezenas de pilotos e os melhores engenheiros pensaram exaustivamente na decisão dessa compra. Imagino que muito tempo foi investido no estudo dessas aeronaves, mas há fatores que influenciaram claramente, e que podemos notar sem nem refletir muito. Por exemplo, há o fato de que a tecnologia do Gripen poderia ser 100% transferida para a Embraer, que inclusive poderia produzi-los e revendê-los posteriormente, o que não é má ideia! Por outro lado, se comprássemos as aeronaves americanas, eles não iriam nos transferir toda a tecnologia, e de certa forma iriam perdurar os boatos de que “estamos nas mãos dos americanos” – boato amparado principalmente pelo fato de que todo o sistema SIVAM/SIPAM é também subsidiado e produzido por eles. Consegue imaginar, então, o falatório que iria ser?

Americana, francesa ou sueca, nossa frota estava clamando por renovação imediata. Não gosto nem de comentar isso, mas nosso país está literalmente segurando as pontas para defender nossos céus até a chegada dos primeiros modelos, ainda mais pela aposentadoria dos Mirage. Agora é tentar compreender a visão da FAB e torcer pra que essas aeronaves cheguem o mais breve possível.

Eduardo Mateus Nobrega
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