As Armas do Combate

incendio2_canal_piloto

O intuito da série desta semana não é quantificar ou mesmo alertar para as consequências das queimadas e incêndios florestais no Brasil, mas sim caracterizar e discutir como a aviação trabalha nessa causa, e como ela pode fazer a diferença também nesse tipo de emergência. Tão eficiente quanto em outras atividades, a operação de aeronaves nesta em especial se mostrou extremamente eficaz. O alijamento de milhares de litros de água em segundos é uma ideia fantástica e eficiente no combate a qualquer tipo de fogo em campos abertos.

Desde de a década de 80, o Governo Federal do Brasil vem se atentando mais ao combate às queimadas e à devastação florestal no nosso país. Antes disso, os dados sequer eram registrados, e as formas de combate eram ainda muito pouco desenvolvidas. No entanto, com o crescimento da consciência ambiental e do aprimoramento das aeronaves que alijam líquidos controladamente, passou-se a ter uma nova ferramenta para essa tarefa tão importante.

Na realidade, começou-se utilizado aeronaves adaptadas para isso, com tanques externos e preparados para o despejo da água em rápida velocidade, podendo ser desde monomotores leves a turboélices militares. Com o avanço da aviação agrícola, as próprias empresas de pulverização de veneno e fertilizantes começaram a fazer parte de projetos estaduais de prevenção de incêndios, utilizando as próprias aeronaves utilizadas no voo agrícola. Foi uma parceria perfeita e que praticamente todo estado adotou.

A vantagem dessa parceria é que criou-se um pequeno exército, disponível a qualquer momento, espalhado por todo o país. Desse modo, os esforços não se concentraram apenas nas capitais, em função das empresas agrícolas se localizarem nas cidades interioranas dos estados, onde os incêndios mais ocorrem. Alguns outros estados licitaram a compra das próprias aeronaves. Por vezes o AT-802, um gigante com capacidade de 3.000 litros de líquidos com alijamento computadorizado, esteve dentro dessas licitações multimilionárias.

O trabalho também pode ser muito bem realizado por helicópteros de diferentes modelos. O mais eficiente equipamento para lançar água em incêndios florestais com a utilização do helicóptero é o Bambi Bucket. Ele é composto de uma bolsa de PVC, acionada pelo piloto por comandos elétricos. Apresenta melhor custo-benefício para combate aéreo a incêndios, considerando hora voada e facilidade de reabastecimento. Alguns modelos conseguem ser enchidos com água numa profundidade de apenas 30cm, através de bombas acopladas.

Percebe-se então que o combate a incêndios por meio aéreo, apesar de ser uma ideia ainda nova, é muito bem consolidado e cumpre sua função exemplarmente. A criatividade nesse braço da aviação foi primordial para a mesma se desenvolver, levando-se sempre em conta a segurança e vida dos pilotos, que serão o assunto do próximo capítulo da série. Como os pilotos são treinados? É exigida uma experiência específica para isso? Qual o risco envolvido? É o que veremos amanhã.

Eduardo Mateus Nobrega
Redes
Latest posts by Eduardo Mateus Nobrega (see all)