Blohm & Voss BV 141: A assimetria não o impediu de voar

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Como já citei uma vez, na Segunda Guerra não existiam regras para a criação de uma máquina, contanto que ela funcionasse e cumprisse o seu papel.

Em meados de de 1937, a Reichsluftfahrtministerium (RLM) emitiu uma especificação para uma aeronave monomotora de reconhecimento. Novamente, as empresas favorecidas foram a Arado, Focke-Wulf e a Blohm & Voss, cada uma com seu projeto.

O projeto apresentado pela B&V continha uma gôndola onde ficava a tripulação de três homens – o piloto, o observador e o atirador. A fuselagem não era no centro: ela ficava de um lado, enquanto o motor BMW 132 ficava do outro lado.

Alguns detalhes do projeto acabaram tendo destaque, como por exemplo o perspex, que é um plástico muito resistente, leve e transparante, utilizado em suas janelas a estibordo. E claro, sua geometria nada convencional.

Este projeto inusitado provou ser muito estável conforme os cálculos do projetista, demonstrando que não só o peso do motor balanceava a aeronave, como também alguns detalhes resolveram possíveis problemas.

Em baixa velocidade, teoricamente a aeronave deveria perder estabilidade, mas ela se mantinha voando normalmente por um fenômeno conhecido como efeito de lâmina assimétrica, fazendo com que o centro assimétrico fosse deslocado pelo movimento propulsor das hélices, quando a aeronave se encontrava em um certo ângulo de ataque.

Já em alta velocidade, a aeronave era facilmente estabilizada pelo Trim. Seu estabilizador horizontal era simétrico nas primeiras versões, mas como esse design atrapalhava a ação do artilheiro de cauda, na versão 141B acabou se tornando assimétrico também, melhorando o campo de visão do artilheiro.

Os 141Bs foram os aviões que tiveram a chance de voar e defender seu país. Já que o modelo 141A tinha um motor fraco, o 141B foi equipado com motores mais potentes, os BMW 801. No entanto, estes não impressionavam seus aliados por já serem obsoletos, ainda mais com a produção dos caças Focke-Wulf Fw 190.

Como várias dessas aeronaves foram abatidas, e muitas outras foram capturadas pelos britânicos para que fossem examinadas suas tecnologias, infelizmente não há mais nenhum exemplar inteiro desta máquina. A título de curiosidade, ela comemoraria hoje 76 anos de seu primeiro voo.

Andrews Claudino