Como tudo começou

A ideia de sequestrar uma aeronave e dentro dela exercer o terrorismo surgiu, como toda ideia “genial”, de forma muito simples. A literatura a respeito é muito variável. Algumas fontes dizem que tudo surgiu mais recentemente. No Brasil, a primeira ocorrência teria sido em 1950, no movimento que foi depois nomeado de “revolta do veloso”. Mas há registros que remetem a alguns anos antes, durante a primeira a aparição da aviação como ferramenta realmente importante para a humanidade: a primeira e a segunda grande guerra mundial.

É muito interessante perceber que, na realidade, o sequestro das aeronaves não surgiu como uma forma de atentar contra a vida de quem voava – muito diferente dos dias atuais – mas sim para simplesmente prejudicar a comunicação entre as tropas e a inteligência. Durante a Primeira Guerra, o rádio ainda era uma ferramenta muito primária. Algumas coisas não conseguiam ser transmitidas com precisão, como por exemplo relatórios de avanços ou mesmo baixas significantes. A saída então era usar os ainda primitivos aviões, que tinham a notória capacidade de vencer grandes distâncias com certa velocidade, e levar essas informações tão estimadas até onde elas precisavam chegar.

Já durante a Segunda Guerra, o problema não eram os rádios ou suas limitações. Nesse ponto, a tecnologia já estava muito bem desenvolvida, e é praticamente a mesma que utilizamos nos dias atuais. O problema passou a ser justamente esse: tudo ficou tão comunicável e acessível, que o inimigo passou a decifrar informações cruciais nas transmissões que poderiam definir a própria guerra. Hitler tinha um esquadrão especial para somente interceptar transmissões inimigas, e o mesmo se dizia do outro lado. A questão passou a ser: como levar e trazer informação, relatórios, documentos e muitas outras coisas importantes de forma segura, e claro, extremamente rápida?

Os dois lados, em ambas as guerras, perceberam essa fragilidade que a aviação proporcionava. Começou então uma corrida para aproveitar-se disso. O intuito, logicamente, era apenas impedir que as aeronaves decolassem ou atingissem seu objetivo, seja por forma de sabotagem ou por sequestro. O modo como isso era feito não é muito claro na literatura. Os registros são extremamente escassos. Não é possível encontrar descrições de sabotagens a aeronaves transportadoras durante a Primeira Guerra. Na Segunda Guerra, a prática era muito mais comum. Inclusive, foi nela que se começou a usar a fragilidade de uma aeronave para atentar contra a própria vida humana, dando o derradeiro ponto para se iniciar o verdadeiro terrorismo na aviação. Embora seja muito inadequado nomear de terrorismo uma estratégia militar durante uma guerra, é o que de fato ocorreu no último terço da Segunda Guerra Mundial.

Eduardo Mateus Nobrega
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