Como previsto, muitas mudanças foram feitas no espaço aéreo de quase todo o Brasil, em virtude da Copa. Algumas foram feitas para simples atualização às necessidades atuais do transporte aéreo, outras para um remodelamento do fluxo dos voos, garantindo a segurança durante as competições. Desse modo, foram estabelecidos gabaritos que limitam ou mesmo impedem o sobrevoo de determinadas aeronaves, quando não todas, com exceção das militares.
Basicamente, essas medidas funcionarão em três níveis – Reservada, Restrita e Proibida – de forma muito semelhante ao que já ocorre com os espaços aéreos condicionados. Mas quais serão as condições? Tendo-se um área, como por exemplo um estádio lotado com 20 mil pessoas, estabeleceu-se que, num raio de 4NM ao redor e acima do estádio, só serão permitidas aeronaves previamente autorizadas pelo Comando de Defesa Aeroespacial Brasileiro (COMDABRA), como as públicas, militares e de busca e resgate. Essa seria a área mais restrita, denominada como Proibida.
Seguidamente teremos a área restrita. É uma área mais extensa, que parte dos limites da área proibida, indo até a distância de 7NM do estádio e ao nível 145, onde os voos são restritos de modo a somente operarem aeronaves transportando chefes de estado, delegações, e aeronaves comerciais previamente autorizadas. Inclusive, para voos comerciais nessa área, regras diferentes de segurança impostas pela ANAC deverão ser tomadas.
Por último, teremos as áreas reservadas, limitadas pelas projeções laterais das TMAs das localidades envolvidas, onde se exigirá que todos os tráfegos sejam conhecidos. Todas as aeronaves deverão cumprir as regras determinadas em legislação, além de todas as orientações dos órgãos de controle do espaço aéreo.
Mas quem vai gerenciar e controlar todas essas medidas durante a Copa, quando os órgãos de controle estiverem totalmente congestionados? Obviamente, os controladores não dariam conta da demanda de autorizações ou restrições de todas as ações tomadas nos céus, para garantir a segurança. Desse modo, foi criado uma órgão denominado “Sala Master”. Ele ficará localizado no Centro de Gerenciamento de Navegação Aérea (CGNA), no Rio de Janeiro. Será composto por diversos órgãos do Governo, para facilitar a coordenação das medidas no período das competições. A Sala Master permitirá visualizar todos os voos que evoluírem no espaço aéreo brasileiro, desde o pátio até os níveis mais altos. Ela então passará aos controles informações muito mais precisas e constantes sobre os voos e suas orientações no percurso da rota. Além de tudo haverá também, nos aeroportos coordenados, um SLOT ATC que determinará a hora em que os voos poderão ou não ocorrer.
À primeira vista, as medidas podem assustar, e podemos ser contra essas mudanças ou imposições legais. Mas olhando mais atentamente, é possível perceber que as medidas não foram pensadas de forma exagerada, ou a prejudicar o tráfego. Acredito que adaptar-se a elas será algo ainda mais natural do que se imagina.
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