As diferentes modalidades

Como em todos os outros modelos de aeronaves, o voo de planador tem suas modalidades. A prática do voo a vela detém ramificações onde os pilotos se especializam e eventualmente competem, entre si, em campeonatos internacionais. Isso se faz possível pelo voo a vela ser repetidamente praticado em aeroclubes no Brasil. Dessa forma, a cada dia que passa, os pilotos ficam mais familiarizados e habilidosos no tipo de voo que executam.

Mas quais são essas modalidades de voo? Como disse anteriormente, o voo a vela se faz quase que totalmente em função da manutenção da altitude ou mesmo ganho desta. Então, as categorias de voo acontecerão de acordo com esse fator. A primeira e mais nítida categoria é a utilizada por grandes aves: o voo de térmica, onde o planador apenas voa em busca de térmicas na sua região, e assim, “pulando de uma pra outra”, consegue ganhar altitude.

A segunda categoria é o voo de colina. Ela aproveita o vento que vai de encontro às ondulações topográficas, e gera correntes ascendentes em determinados locais dessas ondulações. Dessa forma, o planador não só aproveita as correntes anabáticas, como também a própria força resultante do seu choque com o solo próximo. Esse é um tipo de voo muito utilizado na região sul do Brasil.

A terceira forma (e diria mais desejada pelos pilotos de planador) pode levar as aeronaves facilmente a altitudes acima de 15 mil pés. As ondas estacionárias foram as responsáveis pela maioria dos recordes já realizados no voo planado. Sua força provém do gradiente natural de temperatura e pressão da atmosfera, e é formada pela aceleração de uma massa de ar, que vai sofrendo um verdadeiro efeito cascata no céu, criando corredores com milhares de quilômetros e proporcionando um ambiente perfeito para o voo a vela.

A quarta e última categoria é o voo dinâmico. Ainda muito pouco explorado e só descoberto em 1980, o voo dinâmico é uma técnica de voo em que se consegue obter energia cinética sem esforço, ao passar repetidamente pelas fronteiras entre massas de ar, com uma diferença significativa de velocidade horizontal. Estas zonas, de elevado gradiente de vento, situam-se geralmente junto a obstáculos e junto à superfície. O voo é possível justamente devido a esse cisalhamento do vento a grandes altitudes.

A pesar de ter diferentes modalidades, o voo a vela é muito simples e instintivo. Toda essa teoria sobre a movimentação das massas de ar e aproveitamento das forças, na hora do voo, se torna tão simples quanto manter a rotação do motor no arco verde em uma aeronave convencional. Voar a vela não denota se deixar levar pelo vento, mas sim, entender o vento e fazer com que ele o leve para onde você deseja ir, esteja a gravidade contra ou a favor de você.

Eduardo Mateus Nobrega
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