Diversificação de mercado

É muito visível a estratégia de sobrevivência que tem a Embraer. Muito poucas empresas no mundo possuem uma diversificação de produção tão grande quando ela, levando em conta fabricantes de ramos gerais. Se formos olhar para a indústria aeronáutica, com a última aquisição e transferência de tecnologia dos caças Saab Gripen para o Brasil, a Embraer sem dúvida toma o posto de empresa da indústria aeronáutica com a linha de produção mais flexível. Aqui no Brasil, fabricamos os primeiros aviões agrícolas operando a álcool, num claro sinal de que a Embraer ainda olha muito atentamente para o nosso país.

Temos, ao mesmo tempo, uma crescente vertente de desenvolvimento de aeronaves militares para vigilância, treinamento e ataque. Ainda é possível encontrar nos projetos da Embraer os jatos executivos leves (light jets e very light jets) mais vendidos do mundo, ao mesmo tempo em que a empresa investe na produção de aviões comerciais de grande porte. Chega a ser irônico imaginar que a Embraer já esteve à beira da falência.

Uma aeronave muito especial que a Empresa Brasileira de Aeronáutica fabrica hoje é o Ipanema. Impossível não falar desse avião quando o assunto é a Embraer. O Ipanema – avião que leva esse nome por ter sido testado na fazenda Ipanema, em Sorocaba – foi, como dissemos antes, a primeira aeronave no mundo produzida em série a substituir o Avgas pelo álcool em motores convencionais. Mas o mais interessante desse avião é que ele não só fomentou a recuperação da Embraer e o seu crescimento, como também atualizou os meios de cultura e tratamento da agricultura num país onde esse é o segmento mais desenvolvido atualmente. O Ipanema serviu de importante ferramenta dentro e fora da Embraer.

Outros aviões sobre os quais seria impossível não comentar são as aeronaves da linha Tucano, ou T-25/27/29. A Embraer herdou parcialmente esse projeto quando adquiriu parceria com a Neiva, em 1980, produzindo essa aeronave para a então desativada Esquadrilha da Fumaça. O T-25 foi então apelidado de “Cometa Branco”. Um fato interessante é que todos os modelos do Tucano, bem como seus projetos anteriores como o T-25, ainda são utilizados pela Força Aérea Brasileira, em treinamento e operações de vigilância ou ataque. São, inclusive, componentes do sistema SIPAM (Sistema de Proteção da Amazônia).

Atualmente a Embraer é uma empresa societária, ou seja, suas ações estão disponíveis para compra no mercado nacional e internacional, propiciando assim que qualquer pessoa com capital possa ser proprietária de dado percentual da empresa, e participar do poder decisório da mesma. Foi uma saída adotada a partir de 2006, para capitalizar alguns setores e tentar aproximar a Embraer do mercado, proporcionando assim um maior crédito na praça. Exemplo disso foi a última mudança feita graças ao aval dos acionistas, que mudou o nome da companhia de Empresa Brasileira de Aeronáutica S.A. para somente Embraer S.A.

Eduardo Mateus Nobrega
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