É possível esperar pelo melhor?

A Copa trará impactos imensos ao nosso país. Alguns podem ser previstos agora, como a inevitável superlotação dos aeroportos no Brasil. Outros, como o aumento desordenado dos preços das passagens, ainda é algo que se tem conseguido controlar pelo governo. Esses impactos, embora previstos, infelizmente não estão sendo devidamente observados e minimizados pelas ações dos governos federal, estadual e municipal. A própria Anac tem se preocupado muito mais em alterar o RBAC do que realmente fazê-lo prático, antes, durante e depois da Copa. Falando em depois da Copa, entramos em um ponto tão importante quanto o durante: a administração das obras após os bilhões investidos.

Essa Copa custará aos cofres públicos – ou seja, a nós mesmos – cerca de dez a quinze anos para que seja completamente paga. Será a Copa do Mundo mais cara da história, e muito provavelmente, a mais difícil de ser posteriormente administrada. Quando falo em posteriormente administrada, falo do desafio que será manter os imensos aeroportos, terminais de carga e sistemas completos de transporte urbano que estão sendo feitos atualmente. Pensando justamente nisso, a nossa presidente tem autorizado dezenas de privatizações em aeroportos ao redor do país. O governo sabe muito bem que as obras darão problemas e serão altamente custosas de manter. Seria um mini congresso nacional de desvios de dinheiro em cada capital. Sem dúvida, as privatizações vieram em muito boa hora.

Olhando um futuro a curto prazo, que seria durante as competições, o prognóstico da aviação civil para determinadas cidades e regiões, ainda que negativo, poderá mudar de tom nos próximos dias, isso porque, como todo brasileiro, deixamos quase tudo para a última hora. Acreditamos que as maiores mudanças e alterações nos céus, por parte das empresas e das agências reguladoras, virão poucos dias antes do início dos jogos. Ainda temos muito a esperar para podermos avaliar o real sucesso da Copa do Mundo no Brasil.

Avaliando pelo lado político administrativo do país, nós somente temos a ganhar com esse evento. Apesar de quase todos não acharem isso, no pior dos casos – onde o Brasil perca e tudo dê errado – temos as eleições bem aí, e a primeira coisa que ocorrerá será uma mudança no quadro político atual. Para quem espera por isso, será um ótimo momento. Após essas mudanças, para corrigir os erros de segurança e administração possivelmente ocorridos durante as competições, uma verdadeira reestruturação de muitos setores acontecerá. O Brasil aprenderá com o fator mais expressivo numa tentativa, o erro.

 No entanto, a maioria das coisas podem sair como pensadas – claro, pensadas pelos político$ e por nós, meros brasileiros, que queremos simplesmente ver o Brasil novamente campeão. Nem que, para isso, precisemos passar os próximos dez ou quinze anos pagando os custos. É claro que podemos esperar sempre pelo melhor.

Eduardo Mateus Nobrega
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