Embraer, uma real empresa brasileira

A Embraer foi um verdadeiro fenômeno e exceção nos tempos em que o Brasil passava por maus bocados. Muito poucas empresas criadas nesse período sobreviveram, mas as que conseguiram perdurar garantiram seu lugar no mercado com uma força que ultrapassou as fronteiras do Brasil. Um exemplo disso foi a Petrobrás, que hoje detém várias outras subsidiárias em países pelo mundo afora. Não fugindo à regra, a Embraer também garantiu seu lugar no exterior, através de grandes parcerias e até mesmo de compras de linhas de fabricação. Ela hoje produz aeronaves para o mundo todo, destinadas ao simples transporte ou até à aplicação mais ofensiva dentro de sua categoria.

O mais impressionante sobre isso tudo é que a Embraer quer diversificar ainda mais os seus produtos. Há alguns meses ela anunciou, através do presidente de defesa e segurança Luiz Carlos Aguiar, a seguinte frase: “Se produzimos aviões, por que não navios também?”. Isso mesmo: a Embraer, como se já não fosse grande o suficiente, quer crescer ainda mais e expandir a sua visão de mercado, construindo navios e literalmente atacar a indústria naval. Ela tem como alvo principal o programa de reaparelhamento da Marinha do Brasil, que nesse projeto fará a aquisição de 27 navios. A Embraer sabe que, se fizer um bom trabalho, facilmente ele será bem visto no exterior.

Pessoalmente acredito que, a partir de agora, a Embraer investirá em aparelhamento e tecnologia específica. Ou seja, ela vai focar seus projetos e esforços para colocar o Brasil na vanguarda das ferramentas militares, de inteligência e operacionais. Isso quer dizer que não veremos grandes lançamentos de modelos ou linhas inéditas de aeronaves, mas sim, tecnologia e ferramentas para as mesmas.

Um forte indício disso é a já programada total transferência de tecnologia que a Saab irá conceder ao Brasil, como subproduto da compra dos tão esperados Gripen NG. Um bom exemplo disso é o recém firmado acordo com o Exército Brasileiro, para a implantação do SISFRON (Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteiras), onde serão instalados milhares de sensores em solo para monitoramento, vigilância e proteção em tempo real da linha de fronteira brasileira – algo pouco concebível até pouco tempo, dado o tamanho do nosso país. Mas foi o desafio tecnológico que a Embraer, mostrando que pode ser ainda mais flexível, topou realizar.

Essa série, por mais pontos positivos que tenha citado, não procurou fazer uma mera propaganda da Embraer. Muito além disso, o foco verdadeiro de cada artigo é mostrar que essa empresa é fortemente ligada com a história e necessidades do Brasil. Ela surgiu dentro de nossas primeiras e mais conceituadas instituições de estudo. Passou por períodos ruins da economia nacional, e caminhou com o Real durante sua recuperação. E hoje, consegue transpassar as nossas fronteiras, sem se esquecer de onde veio e para o que realmente trabalha.

A Embraer talvez ainda passe por momentos ruins. Talvez precise futuramente recuar, mas certamente carrega o DNA brasileiro, e vai se adaptar a qualquer mudança que, em forma de surpresa, o mercado da aviação gosta de nos dar constantemente.

Eduardo Mateus Nobrega
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