Buenas!
Novamente com nossa coluna de Formação de Planadores venho com um relato de mais um dia de operação para vocês!
Domingo, depois de uma sequência de três dias sem voos devido à chuva e vento, finalmente a meteorologia melhorou e a operação poderia ser realizada.
Para isso, aguardamos pacientemente das 8h às 13h na sede do aeroclube até o vento ficar mais fraco.
Depois que decidimos que teríamos o voo, tiramos o PT-PPD do hangar e empurramos até a cabeceira 18. O briefing foi resumido, pois a sala estava sendo usada para assembléia de sócios. Apesar disso, as informações essenciais foram passadas.
Disponíveis para a operação, estavam um piloto rebocador, um instrutor, dois alunos e um voo de incentivo que seria realizado por um instrutor Australiano.
A operação nesse dia seria delicada, pois os mais experientes (rebocador e instrutor) estariam em voo durante quase todo o período e o único com experiência mínima era eu, já que o instrutor Australiano pilotava outra aeronave e não estava familiarizado com nossas operações, e o outro aluno estava em sua segunda operação.
Apesar de eu ser o primeiro da lista, depois de conversar com meu instrutor, decidimos que seria melhor passar os dois na minha frente porque assim eu poderia dar uma “instrução” de engate da corda, acionamento de rebocador, como buscar a corda na pista e etc. Dessa forma, quando eu fosse voar poderia ficar tranqüilo, pois eles já estariam safos nas tarefas.
Depois do treinamento e voo dos dois, era a minha vez de embarcar. Para ajudar, meu instrutor foi buscar um piloto que havia chegado à sede para ajudar os mais novos na operação enquanto estávamos voando.
Tudo pronto para a decolagem, realizamos um pequeno briefing do voo: vento levemente fora do alinhamento da pista, 10 Kt de intensidade, previsão de voo turbulento. Para compensar o vento na direção 140º (sudeste) na decolagem da pista 18, pedal para a esquerda, cuidado para não deixar a asa cair pra nenhum lado, rodar com 80 a 90 km/h e esperar turbulência.
O aeroporto estava estranhamente calmo naquele dia, durante a operação (cerca de 2h e 30min) foram feitas no máximo dez decolagens e cinco pousos. Normalmente esse número seria no mínimo triplicado.
Conseguimos rapidamente autorização para a decolagem, e logo estávamos fora do solo, lutando contra o vento e mexendo bastante. Reboquei com certa dificuldade por causa das fortes descendentes, ascendentes e rajadas de vento que estavam oscilando a direção do voo.
Passando 600 metros, checamos esquerda e frente livres, puxei o desligador, verifiquei se a corda havia desligado e curvei à esquerda. Já estávamos em uma térmica muito boa! Ali ficamos por certo tempo mantendo a altitude.
Quando começamos a perder altitude fomos em busca de novas térmicas, sem sucesso e próximos dos 520 metros, fizemos exercícios de coordenação que foi o que faltou na última aula.
Coordenação de 1º tipo: Curva coordenada de aileron e leme, mantendo uma referência externa e fazendo curvas de um lado para o outro sem perder essa referência.
Coordenação de 2º tipo: Manter a mesma referência, fazer curva de 45º para qualquer lado e depois curvar 90º para o outro, mais uma curva de 90º e terminar com 45º. Depois dessa sequência o correto é estar em voo reto horizontal, na mesma altitude de entrada no exercício e na mesma direção da referência.
Tive um pouco de dificuldade em manter a altitude e velocidade na de 1º tipo, mas, depois de duas tentativas consegui controlar um pouco melhor a aeronave. Na de 2º tipo, consegui executar as manobras sem grandes dificuldades.
Chegando em 450 metros, fomos em busca de térmicas, já próximos do aeroporto para poder fazer curva de espera aos 400 metros. Felizmente, em cima de alguns galpões que ficam próximos da cabeceira 18, encontramos uma térmica muito boa, mas que quando aproávamos Eloy Chaves (bairro que fica na área de velas) ela perdia intensidade.
Logo o instrutor pegou o macete daquela térmica: Rodar metade dela normalmente e, chegando na proa de Eloy Chaves, fazer curva de média-grande inclinação e executar um giro de 180º para pegar a parte mais intensa dela. E assim o fizemos, subimos para 500 metros novamente e ela se dissipou.
Voamos um pouco mais e chegando em 400 metros, fui para a curva de espera e meu instrutor pediu os comandos da aeronave. Ele pediu que eu fizesse cheque pré-pouso (Altura, velocidade, trem de pouso, vento e tráfego) e logo depois pediu para eu observar o espaço que há entre a biruta e a taxiway central. Como era o último voo do dia, faríamos um pouso longo para livrar na sede, e para tal, deveríamos tocar o solo nesse espaço. Só que na pista, tendo como referência a biruta e a taxiway central.
Fiz a aproximação completa, com comandos e freios aerodinâmicos com correções do instrutor, consegui tocar o solo no local correto, porém, não arredondei o suficiente e perdemos altitude rapidamente próximos do solo, o que ocasionou um pouso duro.
Deixamos correr um pouco e livramos antes da taxiway da Air Training. Nesse momento o vento era forte o suficiente para manter as asas da aeronave niveladas!
Empurramos a aeronave até a porta do hangar, fiz o cheque de abandono e fui conversar com o instrutor.
Ele me disse que no geral fui muito bem, a coordenação nas curvas está muito boa, as coordenações de 1º e 2º tipo também. Ele me disse para tomar cuidado na decolagem e no reboque para não oscilar muito o nariz para os lados, corrigir com o pedal, mas com movimentos suaves e no pouso arredondar um pouco mais.
O debriefing foi tranquilo, sem nenhuma notificação.
Mais 30 minutos de voo contabilizados, agora com um total de aproximadamente 2h e 40min de voo.
Esse foi o relato do nosso 6º voo de instrução no planador, passei para a 4ª e última série do primeiro estágio. Assim que for aprovado nele explico o que muda no segundo estágio.
Muito Obrigado pela atenção, espero que tenham gostado desse relato e que estejam gostando da coluna.
Sintam-se livre para comentar aqui no CP para tirarem dúvidas sobre a formação, sugestões e tudo o que quiserem. Também podem conseguir mais informações através do meu blog.
Um abraço!!
Carlos Eduardo Damasceno
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