Em continuidade ao nosso pensamento da semana, hoje quero citar algo que todos os pilotos, ou pelo menos a maioria, usam constantemente nos vôos: a famosa sala AIS. Sim, essa salinha que normalmente salva nossas vidas e eventualmente previne prejuízos, hoje é utilizada mais para se fazer um plano de voo e pegar informações de meteorologia ou NOTAMs. Mas como se fazia antigamente sem essa ajuda? Simples, não se fazia. Não era possível obter informações de rotas ou meteorologia na mesma, pelo fato de que não se tinha tecnologia suficiente para isso.
Raramente em alguns aeroportos era possível, através do rádio, saber o tempo presente e alguma previsão – ainda assim, pouco precisa. Os pilotos normalmente utilizavam da freqüência livre para pedir informações no decorrer da rota, e então conseguir planejar a chegada ou mesmo alternativa. Mesmo assim, os equipamentos de rádio não eram precisos nem seguros. A fonia modulava facilmente com a estática dos motores, normalmente radiais ou muito arcaicos. Não existiam auxílios a navegação rádio, e acredite se quiser, a navegação padrão foi por um bom tempo a estelar! Pilotos da PANAIR utilizaram por anos esse tipo de navegação, para chegarem exatamente onde precisavam chegar. Sabiam o nome de cada estrela e raramente se perdiam, porque se perder naquele tempo era a última coisa que um piloto queria que acontecesse.
A AIS fez muita falta, mas como absolutamente tudo, teve sempre uma solução que, embora hoje possamos achar um absurdo, era o mais aceitável e confiável na época. Deixo aqui meu singelo parabéns àqueles pilotos que conseguiam voar sem essa ajuda.
Uma outra grande mudança que veio com o tempo foi a melhoria nas pistas. Obviamente, as aeronaves daquela época não chegavam à metade do peso das de hoje em dia, e não possuíam classificação quanto ao peso e operacionalidade. O que acontecia é que, por vezes, ouvia-se falar de alguma pista em que o pavimento simplesmente cedeu e o avião afundou nela. Isso chegou a ser comum até meados dos anos 60, onde a engenharia tomou as dores da aviação e começaram-se a projetar pistas maiores e mais resistentes.
Entenda: em 1950, num mundo pós Segunda Guerra Mundial, as cidades não possuíam recursos para investir em grandes projetos ou obras aeroviárias. Era tudo um improviso, até quando a aviação realmente começou a dar lucro, entre os anos 60 e 70. Então, partindo dessa idéia, era muito difícil se ter um aeroporto projetado para grandes aeronaves, carregando dezenas de passageiros e com fluxo constante, ainda mais com a qualidade necessária para operar tais vôos – qualidade essa principalmente das superfícies onde as aeronaves trafegavam. A experiência que se tinha era com bombardeiros e aeronaves de caça, e não com jatos e cargueiros. No início, as pistas eram projetadas com o mesmo material utilizado para refazer ruas e estradas destruídas pela guerra, mas como disse, os acidentes começaram a aparecer e brevemente mudanças foram tomadas.
Um detalhe interessante é que, observando um pouco, cheguei à simples conclusão de que seria impossível fazer voar naquela época a mais comum aeronave utilizada hoje no transporte aéreo.
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