Primeiramente, esqueça sua concepção de como um acidente ocorre. Isso não vai ajudar em nada a compreender a logística da segurança aérea. As pessoas costumam criar expectativas negativas ante a eventos mal divulgados. Arrisco dizer que cerca de 80% das notícias exibidas em sites online populares são erroneamente detalhadas, cometendo erros grotescos e levando ao público leigo um notícia falsa ou incompleta. Não é raro – para quem conhece bem a aviação – mesmo olhando apenas a imagem de uma notícia divulgada, lermos garfes terríveis, confundindo até monomotores com bimotores num jornal sério.
Então, esqueça o que já ouviu falar por aí de pessoas que alegam conhecer sobre acidentes, ou que dão “conselhos” de sobrevivência antes do você embarcar em um voo. Há guias que sugerem onde é o melhor lugar para se sentar em um avião em função da chance de sobrevida. Nesse momento, eu penso: Que empresa decola um avião esperando que ele caia com você dentro? Tudo, absolutamente tudo que você vir em um avião tem um segundo objetivo. O nome desse objetivo é Segurança.
Antes de questionar se esta ou aquela empresa aérea segue os procedimentos de segurança, saiba que a legislação aérea no Brasil é uma das mais rígidas do mundo, talvez justamente em função do brasileiro ter fama de querer fazer as coisas com aquele “jeitinho”. Tanto o CBA ( Código Brasileiro de Aeronáutica ) quanto as diretrizes e normas da ANAC (Agência Nacional de Aviação Civil) são firmes e inflexíveis nos deveres de uma empresa habilitada a qualquer serviço aéreo, tanto na parte estrutural quanto profissional. Então, as chances de você encontrar uma companhia, grande ou mesmo média, que desobedece essas amplas normas são quase nulas.
Assim que você perceber alguma notícia sobre um acidente aeronáutico, não hesite em procurar sites como o Canal Piloto, ou mesmo revistas que forneçam fontes seguras e claras de informação já pesquisada, pois informar-se de dados imprecisos e muitas vezes falsos nos leva a temer ou criar um conceito igualmente falso sobre a aviação – e pior, repassá-lo. Quantas vezes não fui perguntado sobre determinado acidente, do qual tinha conhecimento, mas as pessoas – talvez por lerem dados falsos – me questionaram de modo que não consegui compreender sobre qual acidente ou incidente elas retratavam? Então, livre-se das fontes inseguras!
Isso pode não responder de fato o porquê de um avião cair, mas com certeza não vai permitir que você consiga essa resposta de forma errada, e assim crie uma fantasia ou mesmo pavor do voo. Acredite ou não, muita gente ainda não entrou em um avião. Durante a semana, vamos continuar vendo como a análise de uma acidente, mesmo que de forma leiga e com uma fonte segura, pode mudar e mostrar o real motivo – quando não são vários – de uma aeronave cair.
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