É com muito pesar que digo que, hoje, a aviação convencional (leve) está estagnada, no sentido de dependência de poucos tipos de motores disponíveis. Ou você escolhe um modelo ou outro, quase idêntico e no mesmo preço, sendo este altíssimo em alguns países, como no Brasil. Um Rotax novo de 120 hp no Brasil, hoje, gira em torno 30 a 40 mil reais – e com este último valor, é possível comprar uma aeronave usada nos EUA. E se por acaso você não quiser usar o Rotax na sua aeronave, infelizmente não vai dispor de muitas outras opções.
Felizmente essa realidade tem mudado, e como disse no post anterior, até mesmo por parte da ANAC essa mudança vem sendo feita. Mas o aspecto mais importante dela se faz no que tange o mercado, pois o que se pode ver hoje é um crescimento da universalização dos motores. Muito embora nenhum seja homologado ainda, esses motores novos têm trazido grande competição e avanço para a tecnologia de propulsão convencional na aviação.
Na aviação experimental, por exemplo, motores de carros “aeronautizados” vêm sendo utilizados recentemente, com sistemas super avançados que os carros trazem hoje. Ou seja, a mesma competição de todo ano que as multinacionais têm em avanço de tecnologia, redução de peso, consumo e qualidade, vem sendo trazida para aviação, ainda que de forma experimental.
Como disse no primeiro dia desta série, um motor influencia as principais características operacionais de uma aeronave. Um avião começa a ser projetado pelo motor, e só após isso é possível pensar em qualquer outra parte dele. Então, a partir desse pressuposto, pensemos juntos: se é a partir das características de operacionalidade de um motor que uma aeronave pode ser construída, então, com motores novos e conceitos diferentes, aeronaves novas e com conceitos também diferentes poderão ser projetadas e pensadas para o futuro. Isso traria diferentes formas de voar, e mostraria talvez para os órgãos reguladores, como a ANAC, que é possível manter o padrão de segurança do passado com coisas novas – no caso, motores e aeronaves diferentes – desafogando o mercado, e quem sabe até mesmo barateado a famosa instrução de voo.
Isso é um grande desafio num caminho longo. A exemplo disso temos o Rotax, que há tempos era usado somente para aeronaves experimentais e ultraleves, e hoje pode ser homologado (ainda que muito timidamente) em determinados modelos. Pesquisando um pouco, é possível encontrar o que há pouco tempo era impensável na aviação: alguns motores com 3 cilindros, outros com 2 tempos, queimando diesel, e alguns ainda, elétricos em que não se podem achar defeitos.
É preciso inovar hoje mais que nunca. A aviação transpira vanguarda e inspira novidades. Novas idéias para novos pilotos, numa nova aviação, com custos igualmente crescentes, é a ordem do dia.
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