Aeronaves de instrução: O começo de tudo

Ela é nossa segunda mãe, nos aguenta fazendo besteira por muito tempo, nos ensina o certo e o errado, e principalmente, proporciona a melhor sensação de todas…a de voar. Estou falando da aeronave de instrução, que cruza a rota de um piloto durante seu treinamento. Cada uma tem um jeito de voar diferente, uma história diferente, e características únicas. Essas aeronaves históricas já formaram centenas de pilotos por todo o mundo, e já mudaram a batida do coração de muitos jovens. É sempre bom conhecê-las nos mínimos detalhes, e aprender suas manhas. E pensando bem, seria muito interessante também saber a história de cada modelo, suas principais vantagens e desvantagens, bem como qual escolher na hora do treinamento, certo? Então, seguindo esse raciocínio, inicio mais uma série semanal, falando sobre as principais aeronaves utilizadas nos treinamentos e quais suas vantagens e desvantagens frente a outros modelos.  

Durante a semana vou abordar, ao meu ver, três tipos de aeronaves, e eventualmente fazer comparação com algumas outras, para assim manter nosso foco nos detalhes dos modelos. São esses: Nosso desejado Cessna 150/152 , o temido Aeroboero e o amigável Paulistinha, que salvou muitos orçamentos de cursos práticos. Ressalto que o que será dito por mim se baseia em experiência de voo nessas aeronaves, e em relatos de outros pilotos alunos que vi concluírem sua formação nesses modelos, sempre levando em conta também as definições técnicas do fabricante. Claro que é muito importante, também, citar as aeronaves antes fabricadas pela nossa Embraer, que hoje são utilizadas em treinamento. No entanto, essas aeronaves têm mais atuação no PC/IFR prático, e meu intuito é enfocar as aeronaves mais encontradas e mais simples hoje em instrução.

Com essa série, vai ser claramente possível para nós visualizarmos a evolução, ainda que bem tímida, da nossa aviação de instrução – evolução essa que vem acompanhada de uma alta no seu custo, e entender também o por que disso. Qual a dificuldade de manutenção dessas aeronaves? Por que elas tem sumido dos aeroclubes? Qual o futuro para a instrução?

Quero poder responder a essas perguntas de forma simples, e assim entender o berço da aviação, o início de tudo, e o tão estimado PP que precisamos dar valor. Afinal, é na instrução que não só se aprende a voar, mas também se adquirem valores e uma relação fundamental com a aeronave que você voa, o que sem dúvida, irá influenciar diretamente em avaliar e respeitar os limites de qualquer outra aeronave, que posteriormente cruzar o caminho na sua vida.

A aviação, como tudo, tem início, meio e fim. Sempre tive pra mim que não é simulando por horas o manuseio do FMC de um 777 que você vai estar dando seu melhor durante o PP ou PC. Então, o recado que gostaria de deixar é que, por mais simples que seja a aeronave que você voa, conheça-a e entenda-a até o seu mínimo detalhe. Isso sim fará você bom em qualquer situação, e em qualquer outra aeronave que um dia venha a voar, inclusive o triplo 7.

Eduardo Mateus Nobrega
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