O desafio de voar mais rápido

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Desde o princípio da aviação, a intenção principal sempre foi cobrir maiores distâncias no menor tempo possível. Atingir maiores velocidades tem sido o grande desafio de grandes projetistas na história da aviação. A tecnologia avançou a passos largos durante as guerras, e proporcionou a possibilidade, pela primeira vez, do homem voar acima da velocidade do som. Era um avanço constante: sempre depois de mais uma barreira ser rompida, outra em seguida era almejada. Dessa maneira, foi possível estimar algo mais no âmbito da alta performance das aeronaves.

Isso foi algo confortável até que, de repente, as coisas começaram a se complicar. Cruzar oceanos em horas foi possível de maneira confortável. Atingir velocidades transônicas, ou mesmo supersônicas, levou a outro patamar as pesquisas e fabricação das aeronaves no anos 60. Mas em determinado momento, chegou-se a um ponto em que descobrimos um voo totalmente diferente do voo até então conhecido pelo homem. Surgiram leis aerodinâmicas totalmente alheias às dominadas pelos pilotos, e um silêncio ensurdecedor que habitava além da barreira do som.

Tão logo quanto se conseguiu ultrapassar os limites do som, foram encontrados comportamentos não antes vistos nos aviões. Era como se toda a tecnologia pensada a duras penas para se ultrapassar o Mach crítico, e a própria barreira do som, se tornassem inúteis após a passagem desta. Como se as leis que reinassem fossem outras, e toda a tecnologia precisasse se moldar ao ar encontrado após essa barreira.

Um claro exemplo disso foi o F102A, que voava perfeitamente em velocidades subsônicas. A partir do momento em que os projetistas tentaram levá-lo acima da barreira do som, as coisas se complicaram de tal modo que seu projeto foi cancelado, e dado como inutilizável. Alguns anos de estudo depois, foi percebida a necessidade de uma nova concepção de toda a fuselagem do F102A, modificando totalmente suas respostas aerodinâmicas e levando em conta fatores não antes considerados. Ao final de tudo, o F102A voou supersonicamente a Mach 0.92. Essa mesma concepção foi curiosamente aplicada ao 747, proporcionando-lhe um voo mais rentável.

Durante esta semana, vamos falar sobre os problemas e vantagens encontradas em cada etapa de transição do voo subsônico até o voo hipersônico. Claro que seria muito difícil e inviável fazê-lo com padrões apenas técnicos e exclusivos de um estudo de engenharia, mas vamos levar em conta também fatores práticos e contextuais, para que possamos compreender o que foi, de fato, esse importante passo para a aviação. O citado silêncio ensurdecedor que existe após a barreira do som é o nosso assunto desta semana. Convido-os a descobrir mais sobre os problemas e soluções que o voo de Mach nos trouxe.

Eduardo Mateus Nobrega
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