O futuro dos VANT’s

Pudemos perceber durante a semana quão errônea se faz a simples comparação de um veículo aéreo não tripulado (VANT) com um aeromodelo. Percebemos que, como quase todo avanço, este surgiu em períodos de guerra, onde a informação valia mais que o próprio ataque, e não somente para simular as reações do voo. Se pararmos para pensar, notaremos que a tecnologia de um VANT já existia há anos, e até era utilizada em outras funções. Com a chegada da guerra de informação e com a percepção da importância da aviação na guerra, houve uma junção dos ideais de reduzir custos e poupar a vida de pilotos. Criou-se assim o que hoje utilizamos para uso de defesa civil.

O Brasil entrou um pouco atrasado nessa corrida. Atrasado o suficiente para que, só em 2000, iniciássemos projetos aqui, utilizando tecnologia híbrida. Mesmo sendo um passo arrastado, ele alavancou a fama do controle aéreo remoto no país, uma vez que ele veio não com o objetivo de apenas poupar pilotos, mas em função da geografia realmente desafiadora que temos no Brasil. Aqui, ele vem sendo mais usado pelas forças nacionais em operação, e em grandes eventos como a Copa das Confederações e Copa do Mundo.

Os VANTs são representados pelo pouco conhecido esquadrão Hórus da FAB, onde se encontram modelos como o Hermes e Rq-50, todos fabricados em Israel. Estão baseados atualmente em Santa Maria-RS, uma vez que esta é uma base estrategicamente escolhida por estar perto das fronteiras mais utilizadas, e por proporcionar às aeronaves maior facilidade de chegar até elas e retornar.

Alguns chegam a dizer que é o começo do fim da aviação “humana”, e que esse uso crescente de VANT’s é um claro sinal disso. Já eu sou contrário a essa afirmação. Sendo agora imparcial, pelo motivo que já citei em alguns outros artigos e outras séries passadas, por mais tecnológica que uma aeronave seja, ela jamais terá o senso humano de equilíbrio, humanidade e julgamento que um piloto tem. Esse na verdade é o maior desafio no projeto de um veiculo não tripulado aéreo, ou mesmo terrestre e marinho. Tudo é pensado no sentido de jamais se precisar desses sensos, uma vez que por controle remoto jamais seria possível obtê-los. A perda da aeronave, ou mesmo do objetivo, seria inevitável nesse caso.

Olhando de modo mais otimista para o futuro, eu penso que em poucos anos teremos dezenas de esquadrões como o Hórus em Santa Maria. Talvez não no Brasil, pela clara falta de investimentos, mas por todo o mundo, com um detalhe: não consigo, pelo meu ponto de vista, imaginar um VANT realizando operações que um piloto de caça ou mesmo um piloto comercial faria, de modo que ele seria útil apenas até certo ponto. Por fim, a natureza humana e o instinto que está em nós tomariam o lugar de toda e qualquer tecnologia até então pensada.

Eduardo Mateus Nobrega
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