O Gripen

O Gripen é uma aeronave muito polida, sem muitos extremos e que tenta ser boa em diversos pontos. Ele não chega a ser o melhor nem em combate ar-ar nem em velocidade, mas mantém um equilíbrio nesses fatores, que o fazem de certa forma diplomático no que tange suas qualidades. Ele não tende a ser nenhum especialista em determinada forma de combate, nem mesmo perde de um lado tentando aumentar de outro. Muito vulgarmente falando, ele é “pau pra toda obra”, e foi assim que ele conseguiu ganhar essa disputa pra defender os céus do Brasil.

O que precisamos saber, primeiramente, é que o Gripen não é unicamente sueco. Ele foi uma parceria entre a Saab e a British Aerospace. É uma aeronave monomotora (portanto mais lenta), e além disso, com um alcance muito menor dos que os de seus competidores, chegando em seu regime ótimo a 1.230km de flight range, contra os 1.700 km do Rafale. Sua capacidade de armamento é muito boa para uma aeronave do seu porte, podendo levar até 14 toneladas de artefatos, sejam ar-terra ou ar-ar, inclusive com opção de tanques auxiliares. Estes artefatos nos serão entregues com seu código fonte aberto – ou seja, o Brasil poderá programar da sua maneira e ao seu uso a funcionalidade das bombas e mísseis. Apesar de ter uma motorização única e simples, ele atinge a média de velocidade desse tipo de aeronave de caça, chegando a aproximadamente 2.100 km/h com 20 mil libras de empuxo, o que seus competidores não superam muito.

A aviônica do Gripen é o melhor: ele possui radar múltiplo que possibilita a busca e a marcação de diversos alvos ao mesmo tempo, algo fantástico para esse tipo de equipamento. Totalmente digital e fly-by-wire, ele promete ser 10 vezes mais simples do que as atuais aeronaves utilizadas, além de mais intuitivo, permitindo ao piloto se manter preocupado com o que realmente importa, o voo e o combate. Ai está um dos fatores que mais estimularam na escolha desse modelo. A Saab prometeu transferência de 100% de toda tecnologia utilizada no Gripen para o Brasil. Consequentemente, algumas coisas que existem nele poderão ser integradas pela Embraer em outros modelos brasileiros.

Uma grande vantagem do Gripen é que a própria Embraer poderá realizar manutenções e alterações nos projetos, como torná-lo operacional sobre porta-aviões ou em pistas não pavimentadas. Os engenheiros poderão também mudar a motorização dele, para que a própria manutenção seja facilitada. Hoje os pilotos e mecânicos da FAB sabem desmontar e montar turbinas Pratt & Whitney de olhos fechados, pois são as mesmas utilizadas nos Supertucanos e diversas outras aeronaves da Neiva e Embraer. Enfim, seria possível unir o útil ao agradável. 

Obviamente não tive a chance de voar essa aeronave, mas posso imaginar a qualidade envolvida nesse projeto do Gripen, uma aeronave que, resumindo em uma única palavra, chamaria de versátil. Confio totalmente no Ministério da Defesa na compra desse avião, pois sei que muito foi pensado e estudado pelos melhores dos melhores. Em breve ele estará rasgando os céus do Brasil com uma bandeira brasileira na cauda, mas até lá, quem também vai fazer isso? Essa é uma questão muito importante, pois a integridade do nosso país está em jogo.

Eduardo Mateus Nobrega
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